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HISTÓRIA


ANTONIO CAPRIO é reeleito Preidente do IHGG Rio Preto 



No último dia 10/03/2012, o IHGG-Instituto Histório, Geográfico e Genealógico de São José do Rio Preto/SP empossou sua nova Diretoria. A chapa aclamada para a Gestão 2012/2015 renova o mandato do Presidente Antonio Caprio, que tem realizado um trabalho de divulgação do Instituto através de ferramentas de internet.

A nova diretoria do IHGG foi notícia no jornal "O Município", tiragem de 17/03/2012, da cidade de Tanabi/SP, que deu destaque à reeleição do Presidente Antonio Caprio.











ANTONIO CAPRIO assume a Presidência do IHGG Rio Preto


No dia 16/04/2011, às 10h00, na sede da ACIRP de São José do Rio Preto/SP, situada na Rua Silva Jardim, 3099, o Prof. Dr. Antonio Caprio assumiu a Presidência do IHGG Rio Preto.




Antonio Caprio em discurso de posse


Antonio Caprio e a Diretoria do IHGG





Caricatura ANTONIO CAPRIO







Caricatura de Antonio Caprio feita pelo artista Lezio Junior em 15/01/2011.

TELA DE ANTONIO CAPRIO VIRA CAPA DE LIVRO

Livro publicado em 2010 por Antonio Baldin, de S.J.R.Preto "Roteiro de Direito Processual Penal", tem como capa pintura de Antonio Caprio. Óleo sobre tela, com relevo em massa acrílica. 3D.


DEUSA DA JUSTIÇA
Capa do livro de Antonio Baldin, cuja imagem
foi tirada de uma pintura de Antonio Caprio

Conrta-capa do livro


Créditos do livro, onde consta autoria
por Antonio Caprio da imagem da capa



ESCULTURA HISTÓRICA

Antonio Caprio cria escultura do provável rosto do fundador de Tanabi, Joaquim Francisco de Oliveira, baseando-se em fotos da árvore genealógica da família. Material argila metalizada. Altura 0,60 cm.


BUSTO do fundador de Tanabi, Joaquim
Francisco de Oliveira






BANDEIRA DE TANABI

Bandeira Municipal de Tanabi, oficializada pela pela Lei n.702 de 08/08/78.

A Bandeira foi criada por Antonio Caprio e aprovada por comissão composta por pessoas da comunidade.

Bandeira de Tanabi


O TEMPO, UMA CRIAÇÃO HUMANA


Publicado na revista do IHGG - ano II, nº 2, julho de 2008

1. O TEMPO

            O homem é um ser inteligente, capaz de observar e entender, filosófica e cientificamente, a existência de um fenômeno por ele criado e mantido chamado tempo.O popular afirma que atrás do tempo, tempos vêm ou ainda todo tempo é tempo.
            O dicionário (Aurélio,p.666) nos ensina que tempo é a sucessão dos anos,dias,horas,etc., que envolve a noção de presente, passado e futuro;momento ou ocasião apropriada para que uma coisa se realiza; época, estação.  Tempo é o medidor das ações do homem em sua morada, a Terra. O tempo, tal como o definimos e entendemos, refere-se à Terra, a nosso planeta.
            Mas, o que é o tempo?
            O homem primitivo não tinha noções do tempo como uma grandeza física, material ou imaterial. O tempo, para os homens das cavernas, não era medido, visto que não era encarado como existente e nem percebido como um fenômeno físico. Neste tempo o homem-filosófico e o homem-matemático não andavam juntos num mesmo cérebro em formação ou evolução. A Física moderna nos indica que todos os momentos parciais se unem e se fundem num só tempo único, formando uma linha de pensamento completo. É o tempo e o espaço fontes de estudos humanos desde que o homem começou a pensar de forma lógica.
            Matemática e filosoficamente, o tempo só existe quando o relacionamos a um determinado espaço, com início e fim.  Não havendo o espaço não há, por conseqüência, a possibilidade de se falar em tempo. O duo é inseparável. Não há um sem o outro. Esta existência interdependente é que gerou o princípio da eternidade. Só é possível se falar em eternidade quando se puder, e não se pode, desvincular o tempo do espaço ou vice-versa.
            Esta verdade quântica é que buscar explicar o princípio da existência de Deus. Todos os textos religiosos afirmam ser Deus um ser incriado, que não teve início e não terá fim. Nesta afirmação está ausente o espaço (início e fim). Ficando sem o espaço, estaria presente o tempo livre e soberano, gerando a eternidade divina. Filosofia e poesia. Nada de física nem de matemática.
            O homem das cavernas, ao sair para suas temerosas e perigosas caçadas, como teria dito à sua companheira sobre sua volta ou demora na busca do alimento? Teria dito voltarei daqui a quanto tempo?  Não poderia ter se expressado assim, visto que não tinha ele noção de divisão do tempo e nem de suas medidas. O máximo que poderia nosso caçador dizer é que voltaria em três sóis (tantos dias) ou três luas (tantas noites). O Sol e a Lua sempre foram os ‘marcadores’ da existência humana, mesmo nos tempos perdidos na escuridão dos séculos.
            O choque entre o tempo e o espaço atua direta e frontalmente sobre as células animais e vegetais. Leva-as ao envelhecimento, às mutações, às transformações internas, ditas em nível de genótipos, ou externas, em nível de fenótipos. A tão decantada fonte de juventude, sonhada por Ponce de Leon é utópica. Esta fonte só seria possível com a interrupção da força tempo-espaço ou da eliminação do espaço. Impossível seria como tentar manter existente um colar de pérolas sem o fio que as une. As contas existiriam, mas o colar, nunca. Mesmo os seres brutos, as rochas, por exemplo, não escapam à ação do tempo e do espaço.
            Desde o momento que os aminoácidos passaram a compor a grande hélice da vida e dão origem às células, o tempo começa a agir sobre seus componentes e se vincula a um espaço. O fenômeno percorrido entre o momento primeiro e o momento seguinte chama-se tempo e a resultante desta ação é o espaço, o infinito, que num ou em outro momento se torna finito para logo em seguida deixar de existir, quando o tempo ‘passar’. O tempo só ‘passa’ se numa esteira rigorosa representada por um espaço.
            E volta a pergunta inicial: o que é então o tempo?

2 – O ESPAÇO

            O tempo e o espaço coabitam um mesmo momento. Cientistas se debruçaram sobre este duo e usaram grandes partes de suas vidas para entender a relação e vinculação entre ambos. A vida é submissa a este duo infernal. Não haveria a vida sem um tempo e um espaço. Tentar definir o tempo, isoladamente, é uma utopia científica e até filosófica. Esbarraríamos apenas em expressões meramente gramaticais e pouco ficaria definido.
            Einstein buscou verdades sobre o tempo e o espaço. Percebeu uma estreita e indissolúvel relatividade entre ambos. Caminhou mais em seus estudos e reunião o duo mágico com a matéria. Desta associação, surgiram inúmeras respostas a antigos ‘segredos’.
            Só o homem consegue perceber as três dimensões na linha do tempo: o passado, o presente e o futuro. Nenhum outro animal consegue esta proeza. Apesar de conhecidas estas dimensões elas simplesmente não existem na física matemática e muito menos na quântica. Não há simplesmente o passado. O presente é uma sensação apenas mental e o futuro está tão distante que sobre ele nada se sabe, apenas se pressupõe.
            O passado é conhecido pela memória humana. Pode ser registrado fisicamente por vários mecanismos criados pelo homem, como ma foto, por exemplo. É imutável. É definitivo até que a memória possa trancá-lo nos neurônios que permeiam o sistema nervoso. É concreto e ao mesmo tempo pode desaparecer com um estalar de dedos com a perda da memória.
            O presente é uma sensação fugas que permeia os sentidos humanos e dá a sensação de coisa concreta, palpável, física e matematicamente provadas. Ledo engano. O presente é apenas uma sensação que não existe a não ser na imaginação do homem. Fala-se em ‘agora’ que há poucos segundos era futuro, sendo convertido em presente e num ínfimo espaço de tempo é depositado no passado para dele não mais sair.
             Para se poder perceber o presente é necessário que se recorra à força da palavra, da linguagem escrita. O presente tem de ser classificado como relativo, quando o fato se relaciona ao conjunto total de eventos ou acontecimentos que estão em fase de realização e absoluto quando seria somente o evento principal, o instante isolado dos antecedentes e dos conseqüentes momentos que perfariam o presente real. É o momento
real do acontecimento Einstein tratou da questão relacionada ao presente, ao ‘agora’ em sua Teoria da Relatividade Especial.
            O futuro é a grande incógnita e o mais conhecido dos três elementos imaginários do homem. Busca-se o futuro através do presente e das experiências adquiridas no passado. Deixa-se de viver o presente para se garantir o futuro, garantir a existência e a posse dos bens patrimoniais e em menor proporção dos bens intelectuais. Estatísticas nos mostram que 67% das pessoas deixam de viver intensamente o presente para pensar no futuro. Apenas 12% pensam no passado. Os restantes 21% se perdem entre os três segmentos do tempo criados pela mente humana.  O futuro pode ser lapidado, alcançado, através de projetos bem elaborados. É passível de ser definido previamente. É o mais desejado e festejado de todos os três momentos mágicos da vida humana.
            O homem comum deixa de ‘viver’ o presente para tentar garantir o futuro. Pode não conseguir nem um nem outro. Despoja-se da felicidade do presente que o rodeia insistentemente para se lançar num sonho futuro que poderá não alcançar.

3 – A MATÉRIA

            A busca pelo conhecimento é tão antiga quanto o próprio homem. O mundo material se vincula ao inesgotável poder das idéias. As idéias movem o mundo em todos os sentidos na mesma proporção que o dinheiro hoje movimenta a economia e o próprio homem. Já imaginou o mundo moderno sem o dinheiro? O que seria do conhecimento humano não fossem as idéias? De que valeria a matéria sem o conhecimento do homem na sua utilização?
            O livro Gênesis narra de forma interessante a criação do Universo. Só depois de tudo criado, e tudo era matéria, é que foi moldado o homem para governar o ‘paraíso’ . Não foi o acaso que levou o escritor sagrado a deixar o homem por último. Este o gerente e este o utilizador de toda a matéria até então criada.
            O homem criou uma intimidade bastante clara entre o pensamento científico e o pensamento filosófico. São eles, realmente, dois conhecimentos distintos, mas interligados de forma inseparável. A cultura é o recipiente cristalino de ambas as manifestações. A habilidade é o instrumento cirúrgico de toda a ação humana.
            O homem constrói o mundo que o cerca e constrói a si mesmo, dia a dia, hora a hora, segundo a segundo. Através de sua ciência ele desce ao mundo microscópico com seus instrumentos maravilhosos desvendando o infinitamente pequeno e chegando ao átomo. Com seus telescópios enxerga os confins do Universo e com suas naves maravilhosas já singra o éter cósmico. O homem aprendeu a entender a matéria e a manipula habilmente.
            Neste seu caminho por milhares de anos o ser humano aprendeu a produzir e transformar materiais, expandiu sua força no mercantilismo, nos domínios da mecânica, da física, da química, do eletromagnetismo e fez acontecer revoluções industriais e no campo social e político fez acontecer guerras fantásticas fazendo aflorar seu espírito belicoso, intranqüilo, sem paz e na busca incessante do poder sobre tudo e todas as coisas.
            O átomo foi ‘domesticado’ e o homem passou a entender como a matéria se forma e se altera. As idéias de Rutherford e Bohr abriram as janelas para a compreensão e explicação da matéria e suas transformações. Descobriu-se que neste processo incessante de criação e desordem há um fator básico, o combustível de tudo: a energia.
            Nada se cria, tudo se transforma. Esta a lei da matéria.
           O homem enxergou e experimentou forças e cargas energéticas, submeteu a eletricidade à sua vontade, tornou o planeta pequeno pelo uso da luz e das ondas eletromagnéticas. A mecânica newtoniana e as idéias de Einstein se somaram às de Galileu, de Kepler, de Poincaré e tantos outros. O conhecimento e a cultura se interligaram e o mundo sofreu e sofre transformações constantes que não cessam nem por um instante. O processo é crescente, constante e acelerado. A antimatéria já abre suas cortinas e significativos e elevados estudos avançam para sua compreensão plena.
            Einstein pela sua teoria da relatividade especial demonstrou que tempo e espaço são absolutos e dependem da relação de movimento entre os objetos. Comprovou também que matéria e energia são a mesma entidade física onde uma pode ser transformada em outra. Estes conceitos mudaram o pensamento científico sobre o tempo e o espaço.
            A relatividade geral busca explicar porque existe a gravidade estudada e equacionada por Newton. Einstein demonstrou que a gravidade não é uma força de atração como até então se pensava e sim uma força que obriga os corpos a se deslocarem em curvas no espaço e no tempo. Isto explica porque a Terra ‘gira’ em torno do Sol sem ‘cair’ sobre ele. Se o movimento fosse retilíneo a Terra escaparia e se perderia no Universo. O mesmo se dá com todos os corpos estelares. A mesma explicação se aplica ao movimento dos elétrons em torno do núcleo de um átomo.
           

4 – A CÉLULA E A VIDA

            A célula é a unidade estrutural e morfofisiológica dos seres vivos. É estrutural porque dá estrutura a todos os seres animais e vegetais. É morfológica porque dá a forma e fisiológica porque imprime funcionamento orgânico aos seres vivos. È um conjunto de elementos químicos que, surpreendentemente, ostenta um princípio indefinido chamado vida. Não há definição para a expressão vida.
A vida é um fenômeno que só se manifesta através da matéria. Sem a matéria a vida é imperceptível.  Nem os poetas conseguem definir este fenômeno que impressiona a todos os campos da ciência e do conhecimento humano. O máximo que até agora conseguimos foi qualificar as ações dos seres vivos. O que é a vida, ainda não foi possível.
            O mundo fica assombrado quando constata as inúmeras funções da frágil e ao mesmo tempo poderosa membrana plasmática. Ela seleciona o que deve entrar ou sair das mais de cem trilhões de células que compõem um organismo humano adulto. Não pode falhar sem que acarrete a morte ou grave distúrbio. O citoplasma encerra um universo de micro-organelas que atuam extraordinariamente organizadas e dão sustentação ao conjunto.O núcleo, cerca de 1.800 vezes menor que a célula, se abre como um universo encantadoramente perfeito, onde a engenharia da vida se instala e se mostra triunfante.
            Lá está o poderoso cromossomo e seus genes, a sede da hereditariedade e base da vida animal e vegetal. Ali, no núcleo, se esconde a dupla hélice e as quatro substâncias químicas que sustentam a espécie humana: guanina, citosina, timina e adenosina.  Ali está o poderoso ‘ código genético’, uma maravilha de engenharia. Um inigualável tesouro de ação que só pode ser, em termos de criação, uma poderosa força que um dia ainda haveremos de conhecer.
            “A dupla hélice é realmente uma molécula extraordinária. O homem moderno tem talvez 50 mil anos, a civilização existe há apenas 10 mil anos, e os Estados Unidos só por um pouco mais de duzentos anos. Mas o DNA e o RNA existem há pelo menos vários bilhões de anos. Durante todo esse tempo, a dupla hélice esteve por aí, ativa; no entanto, somos as primeiras criaturas sobre a Terra a nos tornarmos conscientes da sua existência” (Kevin Davies,Decifrando o genoma,p.10).
            A descoberta de James Watson e Francis Crick é celebrada como a descoberta científica do século XX. O mundo entendeu o sistema como o início da decodificação de como Deus criou a vida. O genoma humano é também chamado de o Livro da Vida.
            E a vida está ali, na célula,mesclando-se a substâncias químicas, estranhamente envolvidas no processo, fazendo parte do ser vivo, mas não definida nem química nem fisicamente corpóreas. Uma célula, exposta às intempéries naturais, seca, deixando resíduos apenas de natureza química. Morre. Pesando-se a célula antes da morte e depois, não há diferença matemática. Há algo faltando em razão da morte. Alguma coisa não está presente. Resta concluir que a vida não é constituída de matéria, pelo menos na forma por nós conhecida.
            Outro fenômeno que assusta a ciência é a morte. Por que um ser vivo se desmancha, se desagrega, apodrece, com a perda da vida?  O que ocorre no corpo até então maravilhosamente organizado e agora se desagregando com a ausência desta estranha força?  Por que o corpo não se desagrega estando vivo?
            Todo projeto tem um autor ou autores. Um projeto da magnitude do código genético será que foi obra do acaso? Se decifrá-lo levou vinte séculos quanto deve ter sido difícil para ser elaborado. Talvez por esta e outras razões a maçonaria atribui a Deus o título de Arquiteto do Universo.
            Então, o que é a vida?
            A vida é um atributo que anima a matéria,mas está demonstrado que é totalmente independente desta.
            Será a vida um elemento apenas terrestre? Há quem afirme que a vida é um fenômeno extraterrestre, não imanente à Terra. A vida é, de forma clara e ostensiva, um fenômeno que anima a matéria, mas que não faz parte integrante dela e sim apenas usa a matéria para se fazer observar, para se fazer presente, para se fazer sentir.
            Há partes da ciência que buscam definir a origem da vida falando da célula. Errado. Estas teorias explicam, apenas, o surgimento de seres vivos. Da vida, até hoje nada há de concreto.Tudo o que se fala dos seres vivos referem-se apenas às características, qualidades destes.
            Por serem submetidos à ação do tempo e do espaço, os seres vivos apresentam ciclos, onde basicamente nascem, crescem, se reproduzem e morrem.
            Tudo sob a batuta do maestro tempo coadjuvado pelo seu competente e indispensável assistente, o espaço.

4.1 O GENOMA HUMANO

O genoma humano,se fosse escrito na forma convencional com o uso das quatro letras conhecidas - A,C,G,T – precisaria de uma biblioteca com cerca de 4 mil exemplares de livros com uma média de 500 páginas. As cadeias do DNA em cada célula são firmemente enroladas, em forma de hélice e inseridas no núcleo da célula que mede cerca de 0,005 milímetro de diâmetro. Ligadas entre si, se colocadas em linha reta, o DNA das cem trilhões de células de nosso corpo perfaria o equivalente ao percurso de ida e volta ao Sol por pelo menos vinte vezes.
O ser humano tem em seus gametas - células reprodutivas- 23 cromossomos, sendo 22 deles responsáveis pela formação do corpo e transmissão das características hereditárias, chamados autossomos e um responsável pela definição do sexo do bebê, chamado cromossomo sexual ou autossomo. O homem tem seu par de cromossomos representado pelas letras xy; a mulher por xx. Encontrando-se x com x teremos uma menina; x com y teremos um menino. Cada letra representa a hereditariedade de cada parceiro, sendo uma letra proveniente da mãe e outra do pai.
O papel dos genes no genoma humano é de armazenar as instruções para a produção de milhares de proteínas que constroem nossos corpos e mantêm a vida. Leia-se bem – mantêm a vida. Sabemos hoje que inúmeras doenças têm origem nos possíveis defeitos nas transferências e replicações do DNA. Um dos processos bem conhecidos é a mutação, geradora de variações nas espécies animais e vegetais e até a extinção de muitas delas. Estas variações são as chaves para a compreensão da saúde e da evolução humana.
O genoma humano não só pode nos indicar o futuro da espécie humana, mas também de esclarecer muitos pontos obscuros do passado da humanidade. A clonagem, as células-tronco e a genética moderna poderão livrar o homem de males adquiridos no longo processo mutacional-evolutivo, bem como também de corrigir certas rotas de colisão entre forças genéticas antagônicas que possam levar a resultados não desejados pela humanidade. O perigo,porém, está na manipulação errada do código genético, o que pode causar grandes desastres na evolução humana no planeta Terra e contra a existência da vida.
“A mim parece quase um milagre que há cinqüenta anos pudéssemos ser tão ignorantes a respeito do material genético, e que agora já seja possível imaginar que teremos a planta genética completa do homem” (Kevin Davies, Decifrando o genoma, p.25)



4.2 – AS TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA
           

            Nossos pensadores se aventuraram no passado e ainda buscam encontrar respostas a três inquietantes perguntas: o que é vida; como começou na Terra.; é um atributo exclusivo de nosso planeta?
            Nossos clássicos pensadores indicam haver várias respostas às perguntas enunciadas.  Destacamos as mais clássicas que são:
            a) Gênese bíblica – que afirma ter sido a vida humana criada por Deus, ao final de sua obra no Paraíso, quando soprou nas narinas do homem recentemente moldado  com matéria bruta e à  Sua semelhança;
            b) Geração espontânea: afirmando que um ser vivo pode surgir do ‘nada’, bastando que as condições naturais estejam livres para agir, como o ar, o calor, a água e outros elementos naturais;
            c) Biogênese: oposta à geração espontânea afirmando que um ser vivo só pode surgir de outro pré-existente;
            d) Panspermia Cósmica: que indica a possibilidade de alguns tipos de seres vivos, esporos de bactérias, por exemplo, existirem na Terra vindo através de meteoros que se chocaram com o planeta em tempos passados, e
            e) Quimiossíntese: afirmando ser a vida uma criação exclusiva da Terra, com a formação da primeira célula viva formada pelos elementos naturais hidrogênio, oxigênio, carbono e muita energia, fazendo surgir o coacervato, célula primitiva e simples, capaz de se replicar num processo assemelhado à mitose.
            As teorias sobre a origem da vida ficam à deriva e com muita dificuldade conseguem comprovar suas afirmações, sendo o assunto uma grande incógnita que persegue a ciência há séculos. Muitos estudiosos misturam pensamentos sobre a origem da vida e a origem da célula, do ser vivo. Daí as dificuldades para se chegar a um consenso.
           

5. O TEMPO E O ESPAÇO – MEDIDAS


            O espaço é objeto de estudo antigo e remonta à origem da razão. O tempo é a grande incógnita que assombra cientistas e gera teorias que nascem e se desvanecem sem que possam ser provadas. Algumas,porém, prosperam e se firmam como verdades matemáticas e físicas. Sabe-se hoje que o espaço é um fenômeno tridimensional, qual seja, implica em três forças: tempo, espaço e matéria.  A lógica se evidencia, visto que o tempo e o espaço se referem a alguma coisa e esta coisa é a matéria, sem a qual os dois primeiros não têm função nem aplicabilidade.
            O homem primitivo caminhava sobre o planeta regido por dois fenômenos que o intrigavam: o dia e a noite. Aumentavam as incessantes perguntas que ficavam sem respostas quando olhava para o céu e via uma grande quantidade de luzes que pareciam faiscar mais que seu cérebro inquieto e intensamente estimulado.  O que seriam estas luzes; o que era o Sol, a Lua. Por que ‘nasciam’ e se ‘punham’? O que era a chuva? Por que aconteciam relâmpagos e trovões; períodos de secas e de fortes tempestades; de ventos estranhos e assustadores?
            O Sol e a Lua ‘nascendo e se pondo’ deram ao homem o dia e a noite. A Lua mudando de aspectos e a luz do Sol incidindo sobre a Terra de forma diferente a cada período acabaram por fazê-lo entender que a Terra se move em torno do Sol a uma velocidade de trinta quilômetros por segundo. Nasceram daí o ano, os meses, as semanas, os dias, os minutos, os segundos. Hoje já usa bilionésimos de segundo para o cálculo de suas viagens pelo espaço sideral em suas maravilhosas máquinas voadoras.
            Percebeu depois que o Sol é uma estrela que se localiza numa enorme galáxia chamada Via Láctea que gira em torno de seu imaginário eixo a uma velocidade de 220 quilômetros por segundo e completa uma rotação em 120 milhões de anos. Logo em seguida descobriu que existem milhares de galáxias num Universo impressionantemente grande e fantástico, onde imaginava estarem ‘coladas’ suas estrelas.
            Centenas de vidas foram ceifadas pela ignorância humana sacrificando aqueles que nos abriram os olhos para o macrocosmo e ao mesmo tempo para o microcosmo.  O preço foi alto, altíssimo, mas é assim que o homem age, com medo das respostas que busca incessantemente e com medo também de perder o domínio que pensa ter sobre a ciência universal.
            As teorias sobre as origens da vida assombraram o mundo dominante antigo. O homem era um semi-deus e assim deveria permanecer. Pensavam os depositários do conhecimento humano que, abrindo-se os olhos científicos ao homem comum, os dominantes seriam destronados e perderiam o poder.
            O homem é impiedosamente inquisitivo. Descobriu, depois, que o Universo deve ter tido uma origem e nasceu a Teoria da Grande Explosão que assombra a própria ciência ao constatar que tamanhos segredos, mantidos por tanto tempo, agora são dominados pelo homem comum e por aqueles que fazem da ciência uma busca incessante de Deus, o grande Arquiteto Universal, assim visto e pensado em razão da perfeição da natureza em todos os sentidos e direções.
            A matéria-energia e o espaço-tempo são chaves poderosas para o conhecimento da obra universal. Neste processo todo o átomo de Rutherfort/Bohr, dos trabalhos de Newton que calculou viagens pelo universo sem ter uma pequena calculadora como a hoje existente, usando o cálculo diferencial e o integral para dizer o que pensava; de Kepler, explicando a mecânica universal; de Einstein inserindo suas teorias da Relatividade Especial e Geral e tantos outros o homem caminha na busca da explicação de sua origem e da origem e justificação da existência do próprio Universo.
            Todos estes processos levaram milhares de anos para se tornarem entendidos e utilizados. O tempo para o homem se tornou numa esteira que desliza suave e ao mesmo tempo aceleradamente na mecânica do espaço, transformando a matéria de forma constante e remodelando a própria matéria para torná-la ativa e constantemente renovada.
Fomos originados da força fantástica e concentrada na união dos gametas masculino e feminino, dos cromossomos, dos genes e em uma central de forças chamada útero tomamos forma. Sobre estas diminutas células as ações do tempo e do espaço passaram a agir de forma definitiva e modificadora. Saindo do útero, a fenomenal casa de forças, depois de um lapso de tempo, assumimos a posição de nascidos e inteligentes, dominantes e interativos e hoje já nos lançados do útero terrestre para o útero universal.
           A força matriz deste processo é o tempo-espaço. Esta a chave que abre todas as portas do conhecimento humano e de seu domínio sobre a própria matéria, subjugando-a aos desejos do homem bem como a seus caprichos como ser superior que é.
            Cronometrar o tempo, medi-lo com perfeição na esteira do espaço dá ao homem a sensação de domínio sobre a ação deste duo sobre a matéria. A força incomensurável do tempo e do espaço sobre a matéria é, ao que nos parece, imutável, não significando que o homem não possa atuar sobre elas e fazer delas elementos vencidos. Só o futuro nos dirá o que poderá ser feito.
            Não há medidas para o tempo e muito menos espaço para que o tempo exista. Estes conceitos são apenas mentais e de uso exclusivo do homem. Estas criações humanas servem, apenas, para montar o impressionante quebra-cabeças sobre a vida e sua incessante ação sobre a matéria e ao mesmo tempo a independência da vida sobre a própria matéria.
            Seria a matéria apenas um substrato para um fenômeno espacial chamado vida? A expressão espacial é proposital no sentido de entender que a vida é um fenômeno não próprio da Terra. É um fenômeno nitidamente extraterrestre.
            Que força é essa que faz com que substâncias químicas reunidas como o ácido ribonucléico(RNA), o ácido dexorribonucleico(DNA),o Trifosfato de Adenosina(ATP) das proteínas e outras ajam da forma como o fazem, transmitindo informações genéticas, hereditárias e criando uma caixa de ressonância para que a vida possa se manifestar?
            Estas forças agem sozinhas e por vontade própria ou são manipuladas por uma força superior ou mesmo um ser superior?
            Einstein afirmou um dia que ‘ Deus não joga dados’.(Barnet,p.79) É preciso pensar nisto.

           
5.1 – A GÊNESE DAS MEDIDAS DO TEMPO


5.1.1 – 0 ANO

            A Terra gira em torno do Sol num movimento denominado translação, com duração de 365,256 dias, o que de forma arredondada equivale a 365 dias e 06 horas. A cada quatro anos a somatória de 4 x 6 e equivalente a 24 horas, cria o ano bissexto, onde o mês de fevereiro passa de 28 para 29 dias.(Caprio,p.91)
            Este conhecimento levou séculos para ser descoberto e entendido, gerando a morte de vários pensadores que propugnavam tal movimento, contrariando àqueles que diziam atestar ser a Terra o centro do sistema solar e não o Sol.
            É bom frisar que tal medida é classificada como uma convenção e produto do pensamento humano. A medida ano é uma mera expressão, criação humana para indicar tal movimento e sua duração, ou seja, o uso do duo tempo-espaço.


5.1.2 – O MÊS

            A vida humana passou, depois da percepção dos módulos do tempo representados pelo passado,presente e futuro, por profundas transformações. Era preciso medir quanto tempo se gastava para ir, para ficar, para voltar.Era preciso organizar este tempo gasto para aproveitar a luz do Sol ou mesmo a escuridão da noite. Em assim sendo foi necessário dividir o dia já conhecido em frações. Foram criados os meses, dividindo-se o ano em 12 frações, número esse um velho conhecido do homem esotérico,que diz respeito ao ensinamento ligado ao ocultismo e reservado a poucos e exotérico, que se relaciona ao ensinamento transmitido ao público sem restrição. São 12 os apóstolos, 12 as tribos de Judá, 12 as constelações e segue por aí a fora.
            Inicialmente o número de meses era diferente do usado atualmente. Cada mês tem exatamente 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 02 segundos. Arredondou-se o cálculo para 30 dias. Por acertos no calendário os meses acabaram por ficar com 30, 31 e 29 dias.Cada mês tem um nome e um significado. Vejamos sinteticamente tais denominações: Janeiro homenagem ao deus Janus; fevereiro de Fébrua, tempo de purificação e do desagravo; março, homenagem ao deus Marte; abril, de aprillis, que lembra a espuma do mar;maio, consagrado às flores e à deusa Flora; junho, mês da juventude; julho, homenagem ao imperador Júlio César; agosto, homenagem ao imperador augusto; setembro, significava o décimo mês;outubro, homenagem às festas dionisíacas; novembro, homenagem à rainha da caça Diana e dezembro, mês consagrado às festas pagãs do natal.(Caprio,pp 87-91)

5.1.3 – A SEMANA

            O mês tem,originariamente, quatro períodos de sete dias, totalizando vinte e oito dias, baseados nas fases da lua: nova,crescente,cheia e minguante.  Os Caldeus, Babilônios, Judeus, Egípcios chamavam a estes sete dias de septimana, daí o termo semana.
            No mundo cristão a Páscoa era comemorada por uma semana inteira, isto é, durante sete dias. Em razão desta festa o imperador Constantino baixou decreto considerando feriado todos os sete dias, daí a expressão feriae ou feira. Desta regra nasceu a expressão feira, derivando-se segunda-feira, terça-feira,etc. O sábado e o domingo, por questões de natureza religiosa, fogem á regra.
            São os seguintes os significados dos nomes dos dias da semana: domingo,o dia do Senhor; segunda-feira, homenagem à Lua, companheira dos viajantes noturnos;terça-feira, Senhor dos destinos da nação; quarta-feira, dia de Mercúrio; quinta-feira, dia de Júpiter; sexta-feira, dia de Vênus, sábado, ou sabbath, dia destinado ao descanso e às orações.(Caprio,pp.83 - 86)

5.1.4 – A HORA

            Os estudiosos da astronomia perceberam desde cedo que a Terra girava em torno de um eixo imaginário e este movimento resultava no dia e na noite e que foi chamado de rotação. Novamente com o uso de seus números mágicos e cabalísticos, dividiu a Terra em 24 ‘gomos’, por meio de 24 linhas ou meridianos, representando cada espaço quinze graus. Multiplicando-se os quinze graus por 24 temos exatamente 360º graus, equivalente ao globo terrestre, presumivelmente redondo.
            A medida resultou na mudança da luz solar sobre o globo terrestre, percorrendo um espaço de quinze graus em uma hora.
            Nasceu daí a hora, mais um padrão de medida criado pela imaginação e pela matemática humanas.(Caprio,pp.67-68)

5.1.5 – O MINUTO

            A fração hora se mostrou ainda insuficiente para o desenvolvimento das lides humanas. Era preciso fracionar a hora e poder com isto se servir melhor do padrão de medidas do tempo num determinado espaço.
            Os matemáticos resolveram a questão e criaram o minuto que é equivalente a l/60 do grau. Pela numerologia considerada sagrada por séculos, resulta da multiplicação de 5 por 12, números cabalísticos e mágicos para muitos povos da antiguidade.(Caprio,pp 6970)

5.1.6 – O SEGUNDO

                        Secundus vem do latim e significa secundário, indireto, novo,etc. Equivale à divisão do minuto por 60. É igual a 1/31.556.925,9747 do ano trópico de 1900. Desta forma, convencional e matematicamente, o homem criou sua tabela de medida do tempo, fazendo nascer o ano, o mês, a semana, o dia, a hora, o minuto e o segundo. Hoje são utilizados números abaixo do segundo para cronometrar pesquisas que exigem menores frações de tempo. A somatória dos anos resultou nos séculos, nos milênios e nas eras.
            Não satisfeito com toda esta conquista, o homem engendrou também outro cálculo para justificar as diferenças climáticas sobre a superfície terrestre no transcorrer dos anos. Criou assim as estações do ano e isto como resultante da posição do eixo terrestre, em termos de inclinação e o recebimento da luz do Sol, durante o transcorrer da Terra em torno de nosso astro-rei.
            A aventura durou séculos e o relógio se tornou na concretização destes registros e o eterno marcador das existências e do ciclo da matéria e dos seres vivos. (Caprio,pp 70-72)

6. E O QUE É FINALMENTE O TEMPO ?

            O grande objetivo da ciência é descrever e explicar o mundo em que vivemos e transformá-lo para que o homem tenha uma vida melhor e mais produtiva. O difícil na ciência não é descobrir um segredo e sim explica-lo, visto que a busca do conhecimento e da realidade torna o uso de palavras de difícil aplicação correspondendo exatamente ao que se pretende esclarecer ou descobrir. Embora o homem conheça a eletricidade, o magnetismo e a própria gravitação, já há algum tempo, explica-los é muito mais complexo do que a descoberta destes fenômenos.
            Tales de Mileto, 585 anos antes de Cristo já auscultava a eletricidade. Demócrito um pouco depois já imaginava a matéria formada de ‘bolinhas’, de átomos. Aristóteles acreditava que o homem pudesse chegar à compreensão da realidade através de raciocínios baseados em princípios evidentes por si mesmos. Ele buscava explicar por que as coisas acontecem. Galileu pretendia explicar como as coisas acontecem.  O método da experimentação controlada passou a dar lugar à investigação científica.
            “A física demonstra que o espaço não possui nenhuma realidade objetiva a não ser servir como ordem ou arranjo dos objetos que percebemos nele. De igual forma está definitivamente provado que o tempo não tem existência própria, fora da ordem dos eventos pelo qual o medimos”.(Barnett,p.17)
            Nada no Universo é estático.O Universo é um lugar onde não há descanso. Tudo está em pleno movimento.A matéria é rotativa e dinâmica. Seus átomos e moléculas não interrompem nem por um segundo seus ciclos naturais, conforme previu Lavoisier ao afirmar que ‘ nada se cria, tudo se transforma’.
            O tempo é produto da fantástica capacidade criativa do homem. O espaço foi criado pela incrível capacidade do homem em calcular. Ambos agem como que em uma orquestra em pleno funcionamento. No palco da vida, parece haver um maestro a reger toda esta sinfonia. Ambos, tempo e espaço, estão apenas retidos em nossa imaginação como um resíduo de um coador de café. O mundo por nós percebido é um contínuo espaço-tempo e toda realidade existe tanto no espaço quanto no tempo, sendo ambas ‘forças’ indivisíveis, mas poderosamente fortes.
            Na sua teoria da Relatividade Especial Einstein destacou outra poderosa força universal: o movimento. Este é um estado relativo. Para ser percebido e ainda medido é necessário que exista um ponto de referência com o qual possa ele ser comparado. Ao lado do tempo e do espaço, o movimento completou o tripé da física moderna e possibilitou ao homem avançar nas suas buscas incessantes dos confins do Universo.(Meneses, pp.23,117,130,189)



           
6. ENFIM, O QUE É O TEMPO?

            Na evolução do pensamento científico, um fato se tornou impressionantemente claro: “não existe mistério algum, no mundo físico, que não nos leve a outro mistério, situado mais adiante”. (Barnett,p.105)
            A resposta à pergunta inicial fica clara e nos indica que o tempo não existe a não ser na prodigiosa máquina viva chamada cérebro humano. O espaço, este sim é concreto, medido, observável, sentido. O tempo sozinho é mera ficção. É produto de nossa faculdade de percepção do mundo em que vivemos e do qual fazemos parte integrante e dependente. O tempo é comparável à vida em termos de definição e compreensão. Tempo e vida são figuras que exigem alta compreensão do meio onde a matéria está inserida e que, submetida a forças indefiníveis, criam o mundo que somos capazes de ver e de sentir. O filósofo Hegel sabiamente escreveu: “O puro Ser e o Nada são a mesma coisa”.  O homem vive envolvido pelas aparências enxergando uma falsa realidade.O homem não pode fugir da realidade porque ele próprio faz parte do mundo que procura explorar. O homem é, portanto, o maior de seus mistérios.
            Em assim sendo, o mundo é de tal modo criado que o que se vê é feito de coisas que não se vêem.

Suporte de pesquisa:

BARNETT,Lincoln. O Universo e o Dr. Einstein. 2ª ed.,Edições Melhoramentos.São Paulo.1949.
CAPRIO, Antonio. O Homem, o espaço e o tempo. Ed. Independente.São José do Rio Preto. Albert Gráfica Ltda.  2007.
DAVIES, Kevin. Decifrando o genoma – a corrida para desvendar o DNA humano. Cia. das Letras.São Paulo.2.001
MENEZES,Luiz Carlos de. A Matéria – uma aventura do espírito. FNDE.Ed.Livraria da Física.São Paulo. 2005.

 A HISTÓRIA DE TANABI E SUA LINHA DO TEMPO



 Ano 1, nº 1 - julho/2007 ´Revista do IHGG

             A História de um povo acontece num tempo e percorre um espaço. O tempo é descrito neste espaço e este não acaba nunca. A cada instante a história desliza pela plataforma dos anos. Se a história for escrita, estará perpetuada no próprio tempo; não escrita, ficará à deriva até que um dia alguém a faça aflorar e cumprir com seu importante papel nos três segmentos do tempo: o passado, o presente e o futuro.
            O ser humano é o único animal que consegue perceber o tempo e para entendê-lo, e talvez pensando em dominá-lo, criou as três fases citadas. Sem o espaço não há como se registrar o tempo. A história é exatamente a locomotiva que percorre os trilhos espaço-tempo. Sem um, não há motivo para que o outro exista. Sem ambos não há a história. Locomotiva sem trilhos não tem finalidade.
            A história é sempre contada com um início determinado. Este ponto de partida é o marco inicial que, escorrendo sobre o papel, de forma mágica, descreve por letras e imagens o que aconteceu no distante passado e continua acontecendo no enigmático presente, e, com este procedimento, registra o caminho da história, tal como a lesma deixando o rastro de sua caminhada.
            A história de um povo não tem fim. Ela acontece em todos os instantes deixando-se ver por todos e espera que alguém a escreva e a eternize. Esta eternização se dá pela ação do historiador. É ele o meio e o instrumento mágico que transforma o acontecimento em registros e estes registros na própria essência da história.
            O verdadeiro historiador não altera a história e sim a reproduz tal e qual tudo aconteceu. Se interferir, corre o risco de escrever uma simples estória.   Em todo este processo o historiador se vai, a história fica. A seqüência de fatos no tempo e no espaço é o que interessa. A tradição oral é perigosa e pode comprometer a veracidade dos fatos históricos. O que fica escrito é o que vale. É pela escrita que se torna conhecida e concreta a história de um povo.

            O nascimento de Tanabi:

            Como num processo gestacional, o nascimento de uma cidade tem seus fatos antecedentes que, ao sabor do tempo, compõe um conjunto de quadros de ações praticadas por homens e mulheres num processo contínuo e delicado. Havendo complicações, este processo pode ser interrompido e a poeira do tempo acabará por tomar conta de tudo como a areia do Egito encobrindo a então gloriosa civilização.
            Com mais acertos do que erros, estes homens e estas mulheres passam a construir, inconscientemente, os alicerces de uma comunidade. No sabor do tempo e nas ondas do espaço, esta construção aflora os limites do solo que a sustenta e vai se constituindo num prédio que a muitos abrigará.
            Assim nasceu Tanabi, outrora chamada naturalmente de Jatahy, nome de uma pequena abelha que trabalha sem cessar para que a natureza aconteça livremente, numa comunidade copiosa e produtiva.
           
            O rio Jatahy, recolhendo as águas de imensa região da Bacia Fortaleza e o Córrego do Bacuri, transportando as águas de enorme região nascida das margens do Rio Tietê no Alto Avanhandava, corriam e continuam a correr rumo ao Rio Preto, onde lançam suas águas. Seguem no Rio Turvo; este lança suas águas no Rio Grande que alcança o objetivo natural, o Oceano Atlântico.
            Este o cenário no ano de 1830 quando se inicia nossa história.  O Brasil estava sob o comando de Pedro I que abdicaria ao trono em 1831. Estávamos sob a égide da Constituição de 1824. As regiões norte e noroeste do Estado de São Paulo eram uma impressionante mata nativa do tipo cerrado. Borbulhavam os rios Preto e Turvo, por um lado; por outro o São José dos Dourados e Tietê e acima os rios Paraná e Grande. Em nossa base territorial limitante com Rio Preto os contrafortes do Taquarussú fechavam a figura geométrica. Reinava a natureza soberana que começou então ser perturbada pela chegada do homem branco, dos mamelucos e de alguns mestiços, assustando os índios Guaranis aqui instalados há séculos. A região do Alto Jatahy e da imensa Avanhandava começava sua epopéia de dominação humana.
            O distante Município de São Bento de Araraquara era limite da civilização branca com a mata virgem. Era a última frente de dominação do homem branco. O bandeirante, com as botas sujas de terra e o a arma na mão parecia querer avançar mata-a-dentro e temia pelas ameaças das doenças, dos animais, da própria natureza e da morte iminente. Temer, sim, mas recuar, jamais, era o lema.
            Numa ação constante e intermitente, o domínio do branco se estende à região e em 19 de março de 1852, dia de São José, nasce, sob a liderança de João Bernardino de Seixas Ribeiro, o povoado que originou São José do Rio Preto. Uma parte de seu território que avançava pelo Alto Jatahy envolvia região que ficou sob a responsabilidade do fazendeiro português Francisco de Paula Oliveira, denominada pelos criadores de Rio Preto de Quarteirão 03, com mais de doze mil quilômetros quadrados de área.
            Francisco de Paula Oliveira foi inicialmente instalado pelo serviço de imigração na região de Minas Gerais, juntamente com outros imigrantes. Dali acabou por avançar rumo a São Paulo, em terras devolutas do estado e se fixou na região hoje denominada Cachoeira dos Felícios, próxima do rio Preto e rio Turva, lindamente ondulada, rica em água e com vegetação luxuriante. Cercou as terras que entendeu suas e deu início à formação de sua família, tendo como companheira uma indígena da nação Caiapó, habitantes da margem direita do rio Grande, em território mineiro e goiano, que trouxe consigo, tendo o casal dois filhos de nome Joaquim Francisco de Oliveira e Manoel Francisco de Oliveira, cognominados de Joaquim Chico e Manoel Chico, em alusão ao pai Francisco, o Velho Chico.
            A região por volta de 1860 já estava ocupada por diversos posseiros que se espalhavam nas terras devolutas, havendo notícias de mais de sessenta famílias que se instalaram na região do Jatahy, com grande densidade na região da Fortaleza e mais de cinqüenta na região do atual município de Bálsamo e que, direta ou indiretamente, acabaram por colaborar na criação do Arraial do Jatahy que nasceria no ano de 1882, constituindo-se no embrião de Tanabi.
            Assim aconteceu e é assim que começa a nossa história.

O progresso e a ação dos posseiros


            Como em todas as ações humanas tudo depende de uma ação que acaba por ter outra em sentido igual e contrário, como manda a boa Física, em nosso meio não foi diferente.
            Por volta de 1867, Taunnay, Visconde do governo Imperial, defendia a idéia de se abrir uma estrada oficial de Jaboticabal, incipiente povoado que havia sido fundado em 1867 como freguesia a Araraquara, até as barrancas do rio Paraná, culminando com o Porto do Taboado. Equipe do engenheiro Olavo Hummel se pos a campo e a estrada começou a sair do papel. Esta estrada acabou por se tornar na artéria principal de abertura de outras estradas e a conquista definitiva da região norte e noroeste do Estado de São Paulo.
            Como é natural, este avanço e o conseqüente progresso atraíram para a região uma quantidade grande de interessados nas terras devolutas do estado e se iniciaram confrontos entre os posseiros já dominantes e os recém chegados. A idéia reinante entre os habitantes do Alto do Jatahy era a organização de um arraial, palavra de cunho militar e que enseja numa reação armada se preciso for aos invasores. A palavra de ordem era união dos moradores para proteger as terras tidas como de propriedade particular, mesmo sem titulação.
            Os jagunços defendiam as cercas dos patrões à bala. Rábulas se movimentavam para documentar as terras junto ao governo e sesmarias já grassavam por todos os lados. As buscas de documentos sobre as terras abriam caminhos férteis rumo à criação de cartórios nos vilarejos existentes e chamados de distritos de paz. Os distritos policiais para garantir a ordem e a lei já pipocavam aqui e acolá. O progresso parecia iminente nas terras dos Guaranis.
            Como em toda comunidade os líderes nascem de forma espontânea ou obrigada por circunstâncias, em nosso meio não foi diferente, mesclando ambas as situações. Morando na região do Avanhandava e presença constante nas terras do Jatahy, o cidadão italiano Polinice Celeri, fitoterapeuta e estudioso da natureza, assoprava de forma subliminar, mas constante, aos ouvidos de um líder natural aqui nascido e residente, de nome Joaquim Francisco de Oliveira, chamado de Joaquim Chico, filho do português Francisco de Paula Oliveira e de índia caiapó de nome Anna, sobre a necessidade de organizar a comunidade residente na região contra os ataques dos estrangeiros insistentes.
            Joaquim Chico, filho do posseiro Francisco de Paula Oliveira, subscritor do ofício que solicitou a criação do Arraial de Rio Preto e nomeado por Seixas Ribeiro como subdelegado da região do Jatahy, em 1852, aceitou a incumbência de organizar o arraial e tomou todas as medidas necessárias, fazendo contato com padres do Seminário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, de Minas Gerais, que passariam pela região em viagem missionária. A visita foi marcada para o dia 4 de julho de 1882. As providências básicas foram tomadas e o ideal da criação do Arraial do Jatahy estava por acontecer.
            As coisas acontecem de forma natural, mas não há dúvidas que mola propulsora das ações age de forma sorrateira e contínua, fazendo com que as ações humanas formem um processo contínuo de acontecimentos como que se atendendo a um projeto previa e inteligentemente organizado e preparado. Longe a idéia do destino, mas o entendimento de que a casualidade não atua sozinha. 

Nasce o Arraial do Jatahy

            Chega o 4 de julho de 1882 e os moradores da região do Jatahy já se juntam na confluência do rio Jatahy e Bacuri.  O terreno foi limpo e fincado no local, frente a uma capela de madeira e coberta com sapé, um cruzeiro de aroeira lavrado por Bento Peres, o carpinteiro. A comissão organizadora era capitaneada por Joaquim Chico, tendo como companheiros de ideal Leonildo Bataglia, João Barbosa do Amaral, Hilário de Souza Rosendo, Agostinho Pereira, Manuel Francisco da Silva, Joaquim Euzébio e Polinice Celeri. As mulheres com seus trajes longos e golas ao pescoço; os homens com seus ternos e gravatas; as crianças em roupas coloridas, onde os teares traçaram os pontos e as cores. Carros-de-bois continuavam a chegar e de longe eram ouvidos seus cantos dolentes sob o peso da família toda enfeitada para a grande festa em roupa de “ver Deus”.
            Era uma terça-feira e o céu estava azul, com raras tiras de nuvens brancas. Pássaros assustados com o movimento cantavam e se movimentavam sobre o terreno. O sol brilhante parecia compartilhar com a festa e, com alarido forte foi anunciada a aproximação, por batedores rápidos, da comitiva de padres que ao longe se fazia ouvir. Os relógios de bolso, com correntes douradas e prateadas eram tirados e consultados. Marcavam 09h00min horas.
            Borboletas em grande quantidade esvoaçavam sobre o local. Jatahy quer dizer rio das borboletas e estas não poderiam estar ausentes na grande festa que acontecia.
            Os missionários foram recebidos com alegria a quem foi oferecida bacias com águas cristalinas do Rio Jatahy e toalhas limpas para se refrescarem da viagem e saciarem a sede. As montarias foram recolhidas sob as árvores próximas. Em pouco tempo tudo estava em ordem para o início da cerimônia. Em torno do cruzeiro e instalado na igrejola, o sacrário e demais paramentos. Os padres vestiram suas batinas pretas e sobrepelizes alvas como a neve e deram início à celebração quando todos fizeram o “sinal da cruz”, símbolo cristão que marcou o momento primeiro de Tanabi que naquele exato momento nascia.
            Por decisão da comissão organizadora foi consagrada Nossa Senhora da Conceição como padroeira do Arraial que passou a se chamar Conceição do Jatahy.
            Joaquim Chico demonstrava cansaço, mas nele se podia ver o vigor próprio daqueles que sonham e lutam por seus ideais. O arraial que ele e seus companheiros tanto desejaram estava por se consolidar. A celebração da primeira missa representou o marco inicial de nossa História. Foi o impulso esperado por tantos e por tanto tempo.
            Terminada a cerimônia religiosa, os padres celebraram batismos, confissões e outros atos específicos, destacando-se o casamento de Polinice Celeri com Ana Delmira de Jesus, tornando-se no primeiro casal oficial das terras do Jatahy. Após as festas, foi servido quentão e cachaça da terra, feita no engenho do pai do fundador. Seguiram-se cantos e danças enquanto os padres guardavam suas roupas e instrumentos de celebração em sacolas de couro. Após, despediram-se dos habitantes e continuando viagem seguiram em direção ao Alto do Avanhandava.
            O sol estava a pino e o calor já era forte. Os caboclos da terra, envergando suas botas e roupas de couro e tecido grosso, manufaturados por eles mesmos, sentiam que era hora de partir e de descanso. As mulheres recolhiam os filhos e pertences acomodando-os nos carros. Os homens se despediam e iniciavam a volta às suas propriedades, ajoelhando-se diante do cruzeiro antes da partida.
            Joaquim Chico retorna para sua choupana encravada ao lado, próximo da picada que se tornaria na grande artéria – a estrada do Taboado. De cócoras, cigarro de palha à mão, olhar distante, suspirou fundo deixando vagar seus pensamentos sobre o futuro do agora plantado Arraial do Jatahy que ele e demais companheiros acabavam de lapidar.
            Sabia ele, em seu íntimo, que sua missão estava parcialmente cumprida, apesar de apenas iniciada. Sua obrigação estava consolidada. Sabia ele que, agora, caberia aos futuros cidadãos da terra e os filhos adotivos, darem continuidade à obra e ajudar a escrever os demais capítulos determinados pela ação eterna e continuada do tempo.
            Vencido pelo cansaço, sobre a pele de boi tratada, adormece e seu espírito voou livre pelo espaço e pode vislumbrar o destino da Terra do Jatahy, de Panambi, e da Tanabi do futuro.
            O perpassar dos anos viria indelevelmente e com ele os fatos e atos dos futuros cidadãos convertidos em conquistas da coletividade, multiplicando pelo mesmo espírito de luta as ações dos habitantes primeiros.
            O Brasil estava nesta oportunidade sob o regime Imperial e era o Imperador Pedro II, coroado em 1841.  Sete anos depois da fundação de Tanabi acontece a Proclamação da República. E a partir de 24 de fevereiro de 1891 passamos a ter nossa segunda Constituição.
            Portanto nascemos sob o regime imperial e crescemos sob o regime republicano. Em 1888 celebramos a Lei Áurea e os poucos escravos que viviam em nosso meio foram libertados.
            Assim, na esteira do tempo e na eterna ação dos homens nasceu Tanabi.


O fundador e sua genealogia


            Uma história, sem registros reais, pode ser converter numa lenda; as personagens reais podem se converter em mitos. A transmissão oral ou auricular é perigosa para a história como registro da realidade, onde não deve haver nenhum tipo de intervenção de seu narrador ou responsável pela coleta e transmissão dos dados. Por menor que seja esta intervenção a história pode ser convertida em “eu acho” e daí por diante será apenas uma estória.
            Tanabi teve seus primeiros registros históricos feitos pelo senhor Sebastião Almeida Oliveira, cartorário antigo, que recebeu a incumbência do prefeito da época, para que preparasse texto para envio à Casa Civil do Governo de São Paulo. O trabalho foi feito de forma indireta e retratou o que “o povo falava”, sem nenhuma preocupação em checar a narrativa com alguma forma de realidade. Deste trabalho foi publicado livro com o título ‘Subsídios para a História de Tanabi” lançado em 1977 e da Editora Grafik, de São Paulo.
            No texto o fundador é retratado como “um bugre manso” e de nome Joaquim Chico. Nada mais é acrescentado, quer sobre sua ascendência quer sobre sua descendência. Nada sobre o pai e sobre a mãe havia apenas a indicação de que ela seria uma indígena, provavelmente caiapó.
            Colaborei diretamente com a publicação do livro na datilografia dos originais, no preparo dos mapas inseridos e outros cuidados. Discordava da referência feita ao fundador, mas, sem nenhuma ação maior, até que fui instado pelo autor do livro a continuar seu trabalho, o que acabei por lhe prometer em seu leito de morte.
            Em campo, e após a morte do historiador-primeiro, levantei as seguintes teses para continuar o trabalho investigatório sobre a História de Tanabi: 1- Quem era Joaquim Chico; 2- Qual sua ascendência e descendência; 3- Onde estão os registros básicos sobre a fundação e fundador.
            Buscando caminhos a seguir, solicitei da professora Dinorath do Valle as orientações que necessitava, recebendo dela total apoio e ajuda, a qual insistia na idéia de que fosse abandonada a linha de que o fundador era um índio e se buscasse resolver a questão com documentos e informações reais e não apenas auriculares.  Não demorou muito até que o “fio da meada” se mostrasse e, por ele, acabamos desvendando a verdadeira história de Tanabi.

            Exercendo a função de Secretário Administrativo da Prefeitura Municipal de Tanabi por mais de trinta anos e tendo à mão toda a documentação municipal, bem como o cargo de Vereador por quatro mandatos e de Presidente da Câmara Municipal, em duas oportunidades, pude tirar a poeira dos livros antigos e ler a todos, decifrando as caligrafias e descobrindo o caminho de nossa história politico-administrativa. Dividimos o trabalho em etapas, caminhando com os fatos antecedentes e conseqüentes à fundação ocorrida em 04 de julho de 1882.
            Na parte administrativa, caminhamos de 1882 até 1925, quando aconteceu a emancipação de Tanabi e depois até 1944, quando se alcançou o estágio de comarca.

O Fundador

            Joaquim Francisco de Oliveira era alcunhado de Joaquim Chico. Seu pai era o senhor Francisco de Paula Oliveira, português que foi alocado pelo sistema de imigração nas bandas de Minas Gerais. Em razão do conflito da Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, Francisco migrou para a região paulista denominada Alto do Avanhandava ou Alto do Jatahy. Trouxe consigo sua companheira, uma índia pertencente à tribo dos Caiapós, que viviam nas margens do rio Grande, em sua parte direita. Seu nome que conseguimos apurar com muito trabalho e só no final de 2006, era Anna.
            No ano de 1852 foi convidado por João Bernardino de Seixas Ribeiro para representar a região do Alto do Jatahy em ato de fundação do Arraial de Rio Preto, assinando a ata de fundação, e foi designado para, na qualidade de subdelegado, responder pelo Quarteirão 3, que ficava entre os rios Preto, Turvo, Grande, Paraná, Tietê e São José dos Dourados, com doze mil quilômetros quadrados de área.
            O casal se instalou em terras devolutas do estado denominada Cachoeira dos Felícios, onde fez construir um grande engenho. Da união nasceram os filhos Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico, e Manuel Francisco de Oliveira, o Manuel Chico. 
            Joaquim Chico casou-se com Maria Antonia da Silva, que também aparece com o nome de Francisca Ignácia de Oliveira, e desta união nasceram os filhos Ana, Maria, Rosalina, João e Pedro. Residem em Tanabi as netas Maria Sebastiana dos Santos Ferreira e Luiza Feliciana do Prado, com vários descendentes. Não conseguimos documentos comprobatórios do nascimento nem da morte do fundador, mas estudos feitos nos indicam que ele nasceu em 1857, falecendo em 1906 e que sua esposa nasceu em 1861, falecendo em 1946.
             Recentemente encontramos no Cartório de Tanabi, depois de muita pesquisa, o Atestado de Óbito de número 448, de quinze de setembro de 1916, de Manoel Francisco de Oliveira, casado com a senhora Maria Constância de Jesus, em casa de seu irmão Joaquim Chico. Manoel Francisco de Oliveira era sogro de Flávio Soares de Paula, pai de numerosa família residente em Tanabi. Em processo de legalização de fazenda número 297, iniciado em 1902 e concluso em 22 de agosto de 1911 pelo juiz Dr. Lafayete Salles, Joaquim Francisco de Oliveira ficou com o quinhão 49, conforme consta na página 477 do citado processo. A relação dos beneficiados com a legalização foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 21 de maio de 1902, página 1902.            

O rosto do fundador

            Resgatar a história é algo surpreendente. A sensação é indescritível vez que a cada momento os fatos, antes encobertos pela névoa do esquecimento, afloram como que obras perfeitas e que só esperavam o momento certo de emergir na areia do tempo e num espaço definido. Assemelha-se, poeticamente falando, a um parto. É o nascimento da verdade. É o fato se mostrando vivo e eternizado no passar dos anos. O historiador acaba por se sentir como um pai, afirmando que seu filho é o mais lindo do mundo.
            Na leitura de intermináveis atas em inúmeros livros a história de Tanabi foi se mostrando de forma clara e organizada. Nossos agradecimentos aos responsáveis pela elaboração de tais documentos. Não fossem a precisão e a forma clara de relatar, os fatos e os atos praticados ficariam eternamente submergidos pela ação do tempo.
            Ao mesmo tempo em que as informações surgidas nos causaram alegria pelo registro, muitos momentos nos causaram tristezas profundas, mágoas mesmo, em razão da forma como agiram nossos antecessores comunitários, impregnados por um ódio sem razão e com demonstrações do exercício de um poder sem rumo e sem futuro.
            Este o ônus de quem se põe a estudar a história de um povo. Não há como se esperar apenas coisas boas e isto em razão da própria índole humana.
            Resgatamos a história real e encontramos nomes e fatos que estavam esquecidos, mas, um ponto que nos amolava era não termos uma fotografia sequer de nosso fundador. Apenas de alguns familiares foi registrada e muito raramente. 
            Não deixando de lado algumas qualidades que adquiri nas lides profissionais como professor universitário e do ensino fundamental em ciências, especialmente anatomia humana e genética, busquei descobrir o rosto de Joaquim Chico, já que agora, por nosso trabalho, pudemos conhecer sua família e descendentes.
            Com o desenho em papel vegetal do rosto da esposa, dos filhos Pedro e João e das netas Sebastiana e Luiza, alcancei um possível rosto do avô Joaquim, levando em consideração os caracteres físicos como tipo de olhos, das orelhas, da maçã e formato dos rostos, dos queixos e cabelos.  Nada foi deixado de lado caminhando pelas gerações geneticamente estabelecidas.
            Ao final pude ver o possível rosto de Joaquim Chico. Passei os dados para um computador em programa especial e o resultado foi confirmado. Lá estava eu diante do rosto de nosso fundador Joaquim Francisco de Oliveira. Ali estava a imagem daquele que presidiu a fundação de nosso Arraial do Jataí há praticamente cento e vinte e cinco anos.
            Não satisfeito, e desta vez colocando em prática conhecimentos de escultura em argila e outros materiais, construí um busto com base na imagem encontrada. Agora estava eu diante da imagem tridimensional de nosso fundador. Ali estava ele, no tempo e no espaço, redivivo e presente.
            Submeti o busto à apreciação das netas Sebastiana e Luiza, elas que haviam conhecido o avô na infância. O resultado foi emocionante. A obra refletia os traços de nosso fundador.   
            Emoções várias tomavam conta de minhas mãos quando da moldagem e da pintura metalizada. A pergunta era forte e ressonante: por que estou fazendo isso? Para que estou fazendo isso? Não nasci em Tanabi e não deveria estar envolvido neste processo. Uma das respostas sempre presente era a promessa feita a Sebastião Almeida Oliveira e que buscava cumprir. As demais ainda busco.


            A história não parou por ai

            Semente boa lançada em terreno bom produz frutos de qualidade.
Em 1889 foi nomeado para servir como Inspetor de Quarteirão o senhor Delmiro Correa, constituindo-se no ato inicial da criação do Distrito Policial que foi criado em 12 de julho de 1902. O subdelegado foi o senhor João Batista de Lima. Por ato de Dom Antonio Cândido de Alvarenga, Bispo de São Paulo, em 20 de janeiro de 1902, passou a responder pela Capela do Jatahy o co-fundador e agora Alferes da Guarda Nacional, Polinice Celeri. O novo distrito era subordinado ao Município de Rio Preto e à Comarca de Jaboticabal. Em 1907 foi nomeado para dirigir o Distrito Policial o Doutor Durval de Góes Monteiro. O escrivão nomeado foi o senhor Olinto Rodrigues Penteado e o carceiro foi o senhor Antonio Modesto de Carvalho. Serviram como praças doze cidadãos.

 É criado o nome Tanaby

            Os pioneiros jatayenses não descansavam na busca de suas aspirações de independência plena para o povoado que crescia. Em 12 de outubro de 1904 já tramitava pelos meios políticos reivindicação objetivando a criação do Distrito de Paz que foi criado através da Lei nº. 992, de 01 de agosto e assinada pelo então Presidente do Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, Doutor Manoel Alves Duarte dos Santos e promulgada pelo Presidente do Estado de São Paulo Doutor Jorge Tibiriçá.
            O nome Conceição do Jatahy foi substituído por Tanaby, por proposta do então Presidente da Câmara de São José do Rio Preto, coronel Adolpho Guimarães Correa, que significa “onde Habitam as borboletas”. A Lei foi aprovada em 02 de agosto de 1906. A grafia com “y” perdurou até 1940.
            Os índios que por aqui viviam, observando as borboletas que habitavam em grande número as margens do rio Jatahy, depois simplificado para Jataí, chamavam as borboletas de “opanambi”, significando orelhas que voam, dadas à forma das borboletas, assemelhando a duas orelhas em vôo. Também são dadas como origem da palavra expressões indígenas como ‘aguada das borboletas, onde habitam as borboletas e Rio das borboletas’. Desta prática foi criada a simplificação Jataí que acabou chegando na expressão Tanaby, oficializada pelo ilustre vereador e Presidente da Câmara de São José do Rio Preto, Adolpho Guimarães Correa, o qual esteve presente em cerimônia no distrito, tecendo, na oportunidade, elogiado discurso histórico sobre a comunidade tanabiense.
            Não satisfeitos, os agora tanabyenses, fizeram instalar em 19 de dezembro de 1906 a Villa Tanaby, oficializada a elevação pela lei estadual nº. 1.058/1906. Assumiu como responsável pela vila o senhor Nicolau Lerro que ficou no cargo até 06 de novembro de 1910, acumulando como Juiz de Paz. Foi substituído pelo senhor Francisco Zeferino do Carmo, que também exerceu o cargo de vereador em São José do Rio Preto. A partir de 1925 o cartório teve vários responsáveis.
                  A história de um povo acontece. Parece que nada existe além dos fatos que foram se registrando no galopar dos anos. Espera, apenas, a ação da caneta e a paciência  do historiador.
                  É sabido que a história pode conter capítulos cheios de momentos amargos. Há, porém, e felizmente, mais capítulos bons no apurar do tempo. Este o fermento que faz uma comunidade crescer e se tornar num conjunto apreciável e feliz.
                  De forma poética, busquei registrar este ‘galopar dos anos’ no poema que abaixo transcrevo, lembrando que o poeta é o artista das letras que consegue como ninguém, gravar imagens plenas valendo-se de um número reduzido de palavras que, magistralmente arranjadas, conseguem em diminuto espaço sintetizar o que seriam necessárias páginas e mais páginas de um livro.
                   Eis o texto:





HOMENS, CIDADES E O TEMPO.


No transcurso de um espaço, num tempo
cidades germinam, nascem e morrem.
Outras sobrevivem e se tornam verdades.

Sob o domínio sempre dos fortes
os fracos sucumbem, se tornam inertes.
Deixam-se levar.   A minoria domina.

Não existem cidades sem homens.
Não existem homens sem cidades.

Os fortes nem sempre são fortes.
Covardes muitas vezes. Enrustidos.
Sob o manto do medo embrutecem.

Passa o tempo.   Nada detém sua marcha.
Os fortes e os fracos se vão.
Substituem-se. Novas gerações surgem.

Não existem cidades sem homens.
Não existem homens sem cidades.

Mudam os homens. Mudam os tempos.
As cidades se transmudam.
Os espíritos se enobrecem.

Por mais fortes jamais serão eternos.
Por mais fracos nunca serão vencidos.
Por isso existem homens e cidades.

Não existem cidades sem homens.
Não existem homens sem cidades.
                                                                

            Surge o Município de Tanabi

            Como soe acontecer em todas as comunidades operantes, o processo político teve continuidade e agora o objetivo era a elevação da Villa Tanaby a município. O sonho de Joaquim Chico tinha continuidade e as previsões de Polinice Celeri estavam acontecendo, uma a uma. Na região noroeste e norte do Estado de São Paulo nasciam inúmeras comunidades e a floresta abria lugar a cidades que se anunciavam no novo tempo do Alto do Jatahy de outrora.
            Por volta de 1913, transferiram-se para Tanabi os senhores Militão Alves Monteiro, nascido em Barretos em 25 de março de 1880, casado com a senhora Helena Alves Garcia, e seu irmão João Alves Monteiro. Militantes do partido Republicano Progressista, o então poderoso PRP, e agregando forças políticas representada pelos senhores Francisco Zeferino do Carmo, Eduardo de Paula Brandão, Dante Celeri, Antonio Funchal, Eduardo Ferreira Guedes, Joaquim Tito Costa, Marcilio Cesário Magalhães, José Alves Ferreira, Daniel da Cunha Moraes e muitos outros, amparados pelo deputado Rafael Sampaio, em 23 de dezembro de 1924 foi aprovada a Lei Estadual nº. 2.009 elevando a Villa Tanaby a categoria de Município.
            Militão Alves Monteiro liderava o grupo com mão de ferro, agora alcunhado de “coronel”, título conferido a ele pela Guarda Nacional, e ponta-de-lança do Poder Republicano na região. Mantinha ele estreita ligação com políticos da capital e da República. Era respeitado nos estreitos círculos do poder paulista e nacional.
            O Município de Tanaby foi solenemente instalado em 13 de março de 1925 e em atendimento aos termos da Lei nº. 2.009, de 15 de fevereiro de 1925, foram eleitos cinco representantes da comunidade e chamados de Vereadores, juntamente com dois suplentes, para compor a Câmara Municipal e organizar o novo Município. A diplomação aconteceu no dia 03 de março de 1925 e devidamente empossados. Eram vereadores os senhores Augusto Manoel Elias Abufares, José Flávio de Moraes Sobrinho, Manoel Pereira Leal, Militão Alves Ferreira e Veríssimo Ferreira Júlio. Como suplentes figuravam os senhores José Alves Brigídio e Oscar Rufino.
            Após a posse, foram organizadas as comissões permanentes e eleitos os responsáveis pelo novo município. Os nomes e cargos respectivos foram: Presidente da Câmara vereador Veríssimo Ferreira Júlio, Vice-Presidente vereador Manoel Pereira Leal, Secretário vereador Augusto Manoel Elias Abufares. Como Prefeito ficou o vereador Coronel Militão Alves Ferreira e como Vice-prefeito o vereador Marcílio Cezário Magalhães. Destaque-se que o Prefeito e o Vice-Prefeito exerciam, de forma concomitante, seus cargos com o de vereador. Não havia, ainda, a divisão dos poderes como atualmente. O Prefeito era chamado intendente e era um mero cumpridor das ordens da Câmara Municipal.
            A primeira sessão da Câmara Municipal de Tanaby aconteceu no dia 14 de março de 1925, às 12h00min horas. A matéria da Ordem do Dia foi a seguinte: Aprovação de leis indispensáveis ao funcionamento da municipalidade; aprovação do Regimento Interno da Câmara, criação da tabela de impostos, criação dos logares (cargos) de fiscais,
Criação dos cargos de Tesoureiro, Guarda-Livros, Secretário e Porteiro e elaboração de um orçamento de receitas e despesas para o exercício (1925).
            A receita foi fixada em cinqüenta e um contos e novecentos mil réis (51:900$000).
            A alforria não foi gratuita e o Município de São José do Rio Preto recebeu significativa importância em dinheiro pelo desmembramento, como compensação de suas perdas fiscais.
            O novo Município começa a caminhar e este andar é assemelhando ao de um animal que acaba de nasceu e tem de se equilibrar sobre as frágeis pernas. O tempo, mestre dos mestres, se encarregou disto e a Câmara foi cumprindo seu papel, dirigindo a criação de estruturas sociais, de leis, de serviços urbanos, da educação incipiente, das vias públicas e da própria política que dava suas voltas, apeando e colocando no poder pessoas que se habilitavam ao processo político e enfrentavam a oposição, constante, ferrenha e muitas vezes implacável com o governante de plantão.
            Em julho de 1927, o Coronel Militão, portador de Hansen, arquitetou manobra para participar de tratamento na Capital de São Paulo. Faz o vereador Marcilio Cesário Magalhães, homem de sua confiança, renunciar ao cargo, elegendo como vereador em seu lugar, fora de época política, médico local de nome José Barbosa Lima, namorado de sua filha Nazarina, Miss Tanabi em 1929, e o empossa solenemente. Ato contínuo renuncia ao cargo de Prefeito elegendo seu “futuro genro" para o cargo e se licencia do cargo de vereador, viajando para São Paulo.
            O novo prefeito assume e exerce com destaque seu mandato, candidatando-se à reeleição em 1928. O mandato nesta época era renovado anualmente e sempre em janeiro. No final do ano, o Coronel Militão retorna e, alegando questões morais, afasta o prefeito José Barbosa Lima do cargo e cassa-lhe o mandato, reassumindo o comando da política local.
            As eleições naquele período eram feitas em dois turnos. Os candidatos eram votados e classificados por uma comissão especial que declarava os eleitos e os empossava. Em 1929, acontece outro fato de destaque. O candidato a vereador José Baptista Diniz apresenta impugnação contra o também candidato Capitão Laudelino de Brito, alegando fraude eleitoral.  Prova a existência da fraude e assume o cargo. Através de recurso, o Capitão Laudelino acaba assumindo o cargo de vereador, derrubando o senhor José Baptista Diniz, legalmente eleito. A ordem partiu do tribunal de Justiça de São Paulo.
            Era bom ser amigo do Presidente e membro do P.R.P.
            De 1925 até 1947, Tanabi registrou 18 administrações municipais, onde os prefeitos eram nomeados de conformidade com as forças políticas locais e da capital.  Alguns repetiram mandatos e a lista é a seguinte: Militão Alves Monteiro, Daniel da Cunha Moraes, João Gualberto de Oliveira Portugal, Odilon Pacheco, José Salles Filho, Antonio de Barros Serra, Francisco Alves Monteiro, Vergnaud Mendes Caetano, Manoel Garcia de Oliveira, João de Melo Macedo, Basílio Almeida Oliveira, Valentim Alves da Silva, Sebastião Arroyo e Bernardo de Felippe.
            A Câmara Municipal teve como seu primeiro presidente o vereador Veríssimo Ferreira Júlio.
           
            A criação e a instalação da Comarca

            O Município de Tanabi nasceu juridicamente no dia 23 de dezembro de 1924 com a aprovação da Lei nº. 2.009. A instalação solene foi no dia 13 de março de 1925.  Desde então Tanabi ficou ligada politicamente à Comarca de São José do rio Preto, fato que perdurou até 1928, quando passamos a pertencer à comarca de Monte Aprazível.
            Por força da Lei Qüinqüenal nº. 14.334, de 30 de novembro de 1944, foi criada a Comarca de Tanabi, abrangendo os municípios de Cardoso, Américo de Campos, Pontes Gestal e Cosmorama. Hoje agregamos apenas os Municípios de Américo de Campos e Cosmorama. No dia 13 de junho de 1945 foi a comarca instalada solenemente. Presidiu a sessão o Juiz Dr. Gentil do Carmo Pinto, sendo Promotor de Justiça o Dr. Walter Simardi. Ocupava o cargo de prefeito o senhor João de Melo Macedo.
            Na posse estiveram pessoas que já haviam participado da vida política tanabiense no passado e que assinaram a ata da instalação da comarca. Era como que estivessem representando a vontade de Joaquim Chico e seus companheiros, indiretamente presentes no momento em que foi tornado realidade, de forma plena, o sonho de 04 de julho de 1882.
            O tempo e o espaço estavam cumprindo suas funções na grande plataforma dos anos que o homem criou para classificar e ordenar seus atos.
            Em 1948 toma posse a primeiro de janeiro o cirurgião-dentista Ary Terra Sóssio como o primeiro prefeito eleito pelo voto popular. De forma paralela foi eleita a Câmara Municipal, na oportunidade composta de dezessete vereadores, sendo dez do Partido Social Democrático (PSD) e sete do Partido social Progressista (PSP).
            Dos sete vereadores quatro eram comunistas militantes.
            A Câmara de 1948/1952 tinha como presidente no primeiro período de dois anos o Dr. Jamilo Zeitune e no segundo o Prof. Venizelos Papacosta.
            Prefeito visionário, o Dr. Ary Terra Sóssio fez instalar moderno sistema de esgotos e abastecimento de água potável, ainda hoje em uso constante. Construiu a sonhada Praça da Matriz, com desenho do grande engenheiro Prestes Maia, ainda hoje conservada em todos os seus detalhes e denominada Praça João de Melo Macedo. Organizou e definiu os rumos da nova Comarca de Tanabi, agora andando plenamente sobre suas próprias pernas.
            Desde 1948, Tanabi registra quinze administrações, com algumas repetições de prefeitos que são: Ary Terra Sóssio, Emilio Arroyo Hernandes, José Siriani, Venizelos Papacosta, Pedro Ovídio, Milton Cury Miziara, Waldir de Carvalho, Alberto Víctolo, Norair Cassiano da Silveira e José Francisco de Matos Neto.

            Os símbolos municipais


            A Lei Orgânica do Município de Tanabi, promulgada em 1990, diz textualmente em seu Art. 2º, § 1º: “São símbolos municipais o Brasão de Armas, a Bandeira e o Hino”.
            Os símbolos oficiais de um país, de um estado ou de um município são tratados na ciência ou na arte denominada Heráldica e esta define, descreve e fixa exigências formais de como se criar, montar, instituir e usar os símbolos, sendo eles representativos de uma comunidade independente, organizada e autônoma. Na Constituição de 1988, em seu Art. 1º, é definida a República Federativa do Brasil, estabelecendo sua formação, incluindo o município em seu contexto, juntamente com os Estados e o Distrito Federal. O Artigo 13 de nossa Constituição estabelece quais os símbolos da República Federativa do Brasil, indicando serem eles a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
            Cuidei na qualidade de Secretário Municipal da Prefeitura de Tanabi, por mais de trinta anos, da organização de tais símbolos. Hoje Tanabi possui sua simbologia totalmente definida em lei e em uso em todo o território municipal.
            O Brasão de Armas foi instituído pela Lei Municipal 175, de 17 de maio de 1954. Foi inspirado pelo poeta e escritor João de Melo Macedo e desenhado pelo artista e cidadão tanabiense, Antonio do Nascimento Portela, que recebeu o título de cidadão tanabiense em sessão pública da Câmara. Por mim proposto na qualidade de Vereador. O mesmo fiz com relação à professora Dinorath do Valle.
            O Brasão de Armas de Tanabi possui sua estrutura destacando em seu escudo elementos simbólicos de sua fundação, fé cristã, comércio, indústria, agricultura, pecuária e educação. É ladeado por um galho de algodão e por um de café, culturas absolutas do Município em sua evolução político-administrativa. Acima é coberto por coroa com torres, indicando sua soberania. Abaixo, em frase latina, decreta: Semper Fluit Flumen Papilionum, significando na língua portuguesa: Sempre corre o Rio das Borboletas.
            Nosso hino foi instituído pela Lei Municipal nº. 702, de 08 de agosto de 1978 e a letra é criação do poeta e escritor João de Melo Macedo e a música do maestro Professor Silvio Bertoz.
            Seu estribilho leva todos a cantar:
            Rio das divinais borboletas
            -Diz seu nome em Tupi-Guarani,
            E, é assim que a decantam seus poetas:
            Tanabi! Tanabi! Tanabi!
            A Bandeira Municipal foi instituída pela Lei Municipal nº. 702, de 08 de agosto de 1978 e foi escolhida em concurso público, sagrando-se vencedora proposta de minha lavra e que hoje é desfraldada em todas as ocasiões e locais solenes do Município de Tanabi.
            Traz as cores amarelo, azul e branco como cores oficiais do Município, definidas na Lei Orgânica Municipal. O símbolo máximo é a borboleta, lembrando a origem do vocábulo Tanabi. Dois terços do comprimento da bandeira é atravessada por uma faixa azul lembrando o rio Jataí, berço de nossa fundação. Um terço é da cor amarelo lembrando nossas riquezas e a cor branca representa a paz que tanto buscamos.

            Tanabi pela linha poética

            Tanabi nasceu por força de circunstâncias naturais e por conseqüência da proteção natural das terras assumidas por nossos habitantes primeiros, na qualidade de posseiros. A chegada de novos imigrantes provocou reação e foi criado o Arraial, forma de proteção dos possíveis ‘direitos adquiridos.
            As lutas sempre distinguiram as conquistas. Sem uma a outra inexiste. Há custos sob várias formas e o poder, conquistado muitas vezes à força, acaba por tornar os governantes insensíveis às questões que os tornaram em lideres. Dominantes por força do próprio poder  acabam por se tornarem em ditadores que, no transcorrer do tempo, acabam por cair pela natural ação do espaço, parte integrante do tempo. Nossos respeitos às exceções.
            No poema abaixo busco representar esta ação. Eis o texto:


      
O PODER NO TEMPO.



Eu ouvi histórias de vidas,
olhei fotos, pesquisei datas,
nomes, famílias, nascimentos.

Observei a existência de homens e mulheres.
Grande parte cidadãos notáveis, bons, humanos.
Eram estes, contudo, algumas exceções.

Eu vi certidões de posse ilegal de terras,
documentos de casamentos acertados e de óbitos.
Eu ouvi histórias reais, acontecidas.


Passei a conhecer a todos, rostos, vidas e histórias.
Descobri como viveram os ditos donos do poder,
os donos das terras, os donos das pessoas.

Eu ouvi histórias de como morreram, de como agiram.
Ouvi histórias de muitos mortos, das terras tomadas,
dos filhos rejeitados, das fortunas a ferro construídas.

Observei, pela história, o tempo passando rápido,
os coronéis envelhecendo, o poder se dissipando e
como num filme vi decadência e o inexorável fim.

Nos leitos, todos, de um jeito ou de outro morreram
velhos, carcomidos em corpo e alma, vestidos de dor.
Fortunas ao vento como vieram se foram.

Eu vi em nossa história muitas histórias. Temo repetições.
Eu vi o pretenso poder ser conquistado e perdido.
Eu vi os falsos gigantes em corpos vencidos se tornarem.

Eu vi tudo isso e não gostei, não quero de novo sentir.
Eu vi, não aprovei, não quero sobre isso de novo escrever.
Eu vi, não desejo para ninguém tal tipo de poder.

Eu vi, como real, quase dois séculos de história, nossa história.
De bom pouco sobrou. Túmulos esquecidos, lápides apagadas.
Cinza e pó, só isso e nada mais dos outrora poderosos coronéis.


                                                                                             
            Considerações finais

            A partir da instalação da Comarca Tanabi passou a decidir seu próprio destino e com sua maioridade decretada. Resta agora que os sucessores de Joaquim Chico saibam dirigir os caminhos do Município em busca da realização plena dos ideais de seus fundadores e mentores intelectuais e jurídicos.
            As conquistas já não mais dependem da aquisição de status técnico. Este já foi alcançado pela efetivação da comarca. Tudo agora é regido pela capacidade de seus prefeitos, vereadores e demais colaboradores envolvidos no processo administrativo municipal. Cada um escreverá a parte que lhe cabe na história e o tempo será o grande julgador de seus atos, premiando seus acertos e punindo seus erros.
            Nestes cento e vinte e cinco anos já se pode auferir muita coisa. O bom senso e a capacidade de análise do cidadão comum devem ser exercitados. A ponderação é necessária e a preocupação com o futuro deve ser a tônica maior neste concerto político.
            Não há dúvidas que a história acontece, quer queiram ou não seus astros e estrelas ou mesmo aqueles que apenas vivem como figurantes. No transcurso da história todos acabam sendo importantes e ninguém escapa da roda da vida e da participação direta ou indireta no transcorrer dos fatos e do tempo, num espaço definido.
            Não entendo como fundamento dos acontecimentos o destino puro e simples. Aceito a idéia de que os fatos se desenrolam na esteira do tempo e num determinado espaço. Nascer, viver e morrer são elementos intransferíveis. Nada se cria, tudo se transforma, já dizia sabiamente Lavoisier.  Assim é na política ou fora dela.
            As oportunidades se instalam e o passar do cavalo arreado pode gerar situações que acabam por escrever capítulos negros de nossa história. A oportunidade do exercício do poder aceitas as circunstâncias do momento vivido, pode também criar conquistas e gerar capítulos inesquecíveis na história de um povo, lembrados sempre, mesmo com o transcorrer longo do tempo.
            Não há história sem povo, não há povo sem história.
            A memória humana, mesmo a coletiva, armazena seus momentos, bons ou não. Seleciona os bons e coloca os maus sob uma camada de pó. Ao ser soprada, esta camada se levanta no ar e impregna o ambiente de forma negativa, por isso é bom deixar lá estes momentos, mas que estes não sejam esquecidos para que de novo não voltem a acontecer. Este o grande segredo do sucesso de uma sociedade ou comunidade próspera e feliz.
            O exercício do poder é muito difícil. O poder público é imprescindível para que a sociedade humana atinja seus objetivos. O líder é necessário para que a coletividade avance na busca de seu progresso e satisfações. Raros os líderes que cumpriram realmente com seus papéis, respeitadas as exceções. Raros os liderados que lembram com alegria de seus líderes. Estes paradoxos são próprios dos seres humanos.
            A história, contudo, continuará a acontecer e é preciso que alguém a escreva para que seus efeitos se tornem reais e conhecidos sejam seus meandros e caprichos.