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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

FINADOS



Na fachada: ‘Revertere ad locum tuum’.
Paredes brancas, de cal recobertas,
Coroas de flores a enfeitar o cenário.


Adentra-se por pesadas portas de ferro.
Ao longe, no fundo da alameda, a capela.
Dos lados da avenida, túmulos diversos.


Flores, vasos, velas,
Homens, mulheres, crianças.
Vão e vêm. Parece festa.


Comadres se encontram. Conversam alto.
Parentes de há muito distantes, reencontram-se.
O vozeio aumenta. Abraços e cumprimentos se vêem.


Nalgum túmulo, semi-destruído pelo tempo, o esquecimento.
Nenhuma flor a balançar ao sabor do vento quente.
Ninguém a chorar por aquele que há muito partiu.


Noutros, de mármore trabalhados, de flores recobertos,
parentes a choramingar. Outros a observar, só observar.
Velas dominam os aparatos de metal. Queimam em profusão.


Termina o dia. O Sol começa a se por no horizonte.
Quase reina silêncio no cemitério. Poucos restam a orar.
As flores foram levadas. Só algumas ficaram. Só algumas.


Pouco depois a solidão. Foram-se os vivos.
Ficaram os mortos, de novo a sós. Abandonados.
Silêncio. A Ave Maria ecoa pelos ares.


Não há ninguém para ver por isso levaram os enfeites.
Mostra o homem, assim, a falsidade real e concreta.
Agrada aos mortos enquanto algum vivo espreita seus atos.


Ah! Homem.
Amanhã tu também serás pó.
Nenhuma flor restará sobre teu túmulo, teu último refúgio.
Lembrarás, porém, a inscrição da lapide serena e calma:
Fui o que tu és, tu serás o que sou. 


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