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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO - UMA PERIGOSA ROTA DE COLISÃO COM O FUTURO



Muito se tem escrito e falado sobre educação e a grande maioria do que se pensa, diz e se escreve cai no esquecimento. A Constituição Federal de 1988 (Art. 205) determina que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. Vai mais longe ao afirmar que é incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Pura balela como a grande maioria dos artigos da referida carta. Praticamente a Carta Maior é burlada quase que integralmente com maestria, por grande parte dos poderes e seus executores responsáveis, inclusive seus fiscais e defensores juramentados.
O Inciso VII do art. 206 determina: garantia de padrão de qualidade. Este o cerne da questão que se enfoca atual e de forma gravemente tardia. Os prejuízos causados pela inobservância deste mandamento são irrecuperáveis. As duas últimas gerações estão severamente comprometidas quanto à qualidade do ensino ministrada em nosso país.
As causas são várias e uma delas, e gravíssima, é a qualidade dos profissionais de ensino. Fugir desta constatação é demagogia.  As ‘fábricas de diplomas’ estão a pleno vapor. Habilitações no ensino fundamental, médio, licenciaturas, bacharelados, especializações, mestrados e doutorados estão á venda em todo o país. Outra questão, severamente grave, é a educação familiar, base da educação e que não deixa de ser um dos tripés do processo educacional. A terceira é o uso incontrolado de drogas lícitas e ilícitas, onde o acabamento, o reboco e a pintura, são a ineficiência e a cegueira dos órgãos repressores.
O Art. 213 da Constituição Federal abriu portas e janelas para a exploração da educação por particulares e o sistema hoje está como que um organismo atacado por vírus e bactérias que destroem a educação e a torna fraca e decadente, gerando altos lucros e vantagens em um número crescente de exploradores.
A questão da rebeldia e da certeza da promoção automática são elementos figurativos, facilmente controláveis. A comunicação, falsamente propalada como moderna, está centrada em métodos impostos como o computador e a facilidade da obtenção de informações em larga escala via internet. Informação sem alicerce no uso é como  sorvete sob o sol forte.
A qualidade do ensino é impressionantemente decrescente. A comunicação escrita está seriamente comprometida pelos processos criados pela Educação Nacional assemelhando-se a um laboratório que cria monstros e os impõe como métodos modernos e eficientes. As malditas apostilas e textos elaborados agilizam o processo de decadência. A interpretação de textos simples é assustadoramente ineficiente. O sistema de ensino está falido como um todo. Assemelha-se a um paciente terminal e seus defensores se movimentam para manter a UTI em ação, sabendo ser o caso insolúvel.
O processo educativo se faz, apenas, pelos olhos e pelos ouvidos (ou pelo tato, no Braile). Não se aprende levando livros em baixo dos braços. Não se aprende pelas axilas nem por nádegas amassadas nas cadeiras escolares. Um processo exige fases iniciais, decorrentes e finais. Nada se aprende por meios mágicos e mirabolantes. O tempo é a plataforma do conhecimento. Cultura é a somatória desta colheita que se desloca num tempo longo e que não pode ter interrupções. Não há cultura sem conhecimento; não há conhecimento sem educação; não há educação sem um projeto com raízes e alicerces bem elaborados. Recentemente os responsáveis pela educação nacional deram início a mais uma investida: será eliminada a reprovação na terceira série do ensino fundamental ( que já era coisa rara). Entendem ser um ponto negativo no processo educacional. (?)
O grande e insubstituível artífice deste processo é o professor bem preparado e comprometido com o processo educacional. Fora disso, é utopia total.
Educar é um processo e um processo educacional leva no mínimo vinte anos para se completar.  Tem razão o professor Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do projeto ‘Todos pela Educação’. Os últimos anos foram perdidos numa comprometedora degradação do conhecimento (previsto pelo educador Frota Pessoa há mais de 5 décadas) e sob uma falsa alegoria modernista e pseudo-inovadora. Não há como corrigir o que foi feito. Urge, entretanto, que não se continue como estamos numa rota de iminente colisão com o futuro. O choque é inevitável. As conseqüências já se mostram assustadoras.
O que a imprensa está propalando é apenas a ponta do iceberg. A situação está muito mais séria do que se divulga. Urge ação, e já, de todos e não apenas do governo.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MANIPULAÇÃO SEM FIM



            Houve um tempo (bons tempos) em que ouvir rádio era coisa de gente cheia da grana. O ‘Reporter Esso” era um alerta que reunia a vizinhada toda e ninguém piava.à espera da ‘noticia’. Ouvia-se a respiração ofegante de todos e até o rufar dos corações. Expectativa. Surpresa. Erom Domingues desfilava a noticia com sua voz magistral, parecendo que a desgraça ficava menor.
            O tempo escoou e veio a televisão. Minha professora dizia, no momento das informações gerais, que nos Estados Unidos tinha um aparelho em que ‘a gente‘ via o “speacher” falando numa tela arredondada. Com os respeitos devidos ouvíamos a informação, mas num descuido da professora, fazíamos o célebre sinal de “tá ficando lelé da cuca, coitada!
            Pois bem, a televisão veio e ficou, de preto e branco passou a cores, de tela simples passou para plana, para plasma e agora tem mais funções do que possamos imaginar. Chega a ser tão grande que precisa de uma estante própria para a rainha e a sala mal acomoda o aparelho, apesar de ter ficado fina como uma caixa de bombom. E olha que a dita cuja era pesada e mais difícil de carregar do que geladeira.
            Os canais são diversos, mas se o telespectador quiser ver coisa melhorzinha precisa assinar canal pago. Ai a coisa fica linda e recheada por vinte e quatro horas dos mais espetaculares programas e cores. Se não, tem de ficar preso a canal do boi, a pregação e milagres fantásticos (mais de 30 por cada horário), leilões de gado, canal do sexo,namoro explícito e implícito, jornal nacional, big brother, gugus, silvios, datenas, faustões e duplas sertanejas formadas por ‘universitários’ que não fizeram sequer o supletivo, cantando música raiz. Pergunta-se: raiz de quê ? De tiririca ou mandioca braba?
            Incrível a quantidade de pastores nos horários nobres e não nobres. São milagres a varejo e ao gosto de cada um. São dezenas de muletas e cadeiras de rodas jogadas fora (e recolhidas para o próximo programa). A escola de atores ‘curados’ deve ser melhor que as que formam atores para a televisão e teatro no Brasil. Está de volta a profissão de carpideira. E como choram, inclusive o pregador!
            Será isto produto do que os economistas e futurólogos chamam de progresso? Que idéia fazem os produtores televisivos do brasileiro que fica preso frente a uma TV? A mídia faz e desfaz nas eleições. Elege coloridos, condena antes do júri, fatura milhões com BBBs e outros bagulhos, e o público verte lágrimas diante das novelas previamente moldadas para dominar o sentimento nacional e, quando ‘eles’ querem, criam e destroem ídolos nos estádios, na política, formando(moldando) gerações na busca de camisetas de marca, tênis importados, músicas das mais estapafúrdias, elegendo  as drogas como prêmio aos mais habilidosos e espertos, direta e indiretamente. E com moderação.
            Prefiro a ‘era do rádio’, onde o povo ouvia o que era verdade e não era enganado da forma como está sendo, em todos os sentidos.
            Tanabi,fevereiro de 2010
    



domingo, 13 de fevereiro de 2011

AUTISMO versus DEFICIÊNCIA MENTAL

O mundo apresenta problemas com crianças autistas  e deficientes mentais há séculos. Desconhecendo a questão, médicos e observadores comportamentais na área da psicologia e psiquiatria, acabaram por descrever ambas as situações que hoje são analisadas, tratadas e muitas vezes apresentam resultados bastante satisfatórios em favor de milhares de crianças e famílias afetadas.
Segundo a “The National Society for autistic Children” – USA, 1978autismo é ‘uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave, durante toda a vida. É incapacitante, e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de cinco entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que meninas. É uma enfermidade encontrada em todo o mundo e em famílias de toda configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu provar nenhuma causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa causar autismo’.
            Autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo no estabelecimento de relacionamentos dos mais variados níveis bem como dificulta respostas apropriadas ao ambiente.  O autismo pode se manifestar em crianças que, apesar da situação, apresentam inteligência e falas intactas. Há aqueles que apresentam retardos no desenvolvimento da linguagem, sendo alguns fechados e distantes, com comportamentos restritos e rígidos segundo os padrões de comportamento. Esta desordem compõe um grupo de síndromes denominado ‘Transforno Global do Desenvolvimento (TGD). O ‘espectro autista’ compõe uma listagem de formas de como o autismo pode se manifestar.
            De forma popular, atribui-se aos autistas rótulos como ‘retardados’, o que não é de nenhuma forma correto nem devido. Afirma, ainda, o populacho, que autistas vivem em seu mundo, um mundo que lhes parece próprio, interagindo com o ambiente que criam, o que é infundado sob vários aspectos. O médico austríaco Leo Kanner, em 1943, foi quem descreveu o autismo pela primeira vez em seu artigo denominado ‘Austic disturbance of affective contact’, na revista Nervous Child, vol 2, p.217-250. O termo ‘autisno’ foi criado n por Eugene Bleuler, em 1911, quando descreveu um sintoma da esquizofrenia, que definiu como ‘fuga da realidade’ só se tornando conhecido nos anos 70. Técnicamente passou a ser chamado de ‘síndrome de Asperger’, visto que na década de 70 o austríaco Hans Asperger descreveu em sua tese de doutorado a psicopatia autista da infância.
            O dicionário  Mini-Aurelio, FNDE, 1989,em sua página 76, define autismo como ‘fenômeno patológico caracterizado pelo desligamento da realidade exterior e criação mental de um mundo autônomo’. Pesquisas demonstram que em 2010, o brasileiro Alysson Mutuori, atuando na Universidade da Califórnia, alcançou significativos resultados na pesquisa com um ‘neurônio autista’, baseada na ‘Síndrome de Rett’, causada por problemas genéticos. Atualmente afirma-se que o autismo é de natureza orgânica e não genética como se pensava, podendo ter sensíveis melhorias através de intervenções intensivas e precoces, visto que as alterações normalmente ocorrem ou estão presentes antes dos três anos de idade, caracterizando-se por alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.O autismo difere fundamentalmente da deficiência mental.
            Deficiência mental corresponde a expressões como insuficiência, falta, falha, carência, imperfeição associadas ao significado de deficiência (do latim deficiêntia) que por si só não definem nem caracterizam um conjunto de problemas que ocorrem no cérebro humano, e leva seus portadores a um baixo rendimento cognitivo, mas que não afeta outras regiões ou funções cerebrais”. Como principal característica da deficiência mental pode ser citada a redução da capacidade intelectual, situadas abaixo dos padrões considerados normais para a idade, se criança ou inferiores à média da população, quando adultas. A deficiência mental é física enquanto o autismo é meramente comportamental.(Wikipédia, a enciclopédia livre).
            No passado a deficiência mental foi definida como idiotia, cretinismo, debilidade e imbecilidade. Eram os portadores de deficiência chamados de excepcionais, deficientes mentais, retardados e até loucos. Atualmente são denominados de portadores de necessidades especiais. No final do século XIX e início do XX, significativos avanços foram feitos por Francis Galton, Alfred Binet e Charles Edward Spearman, que trabalharam no campo da medida da inteligência, fornecendo subsídios enormes para o tratamento e a conduta médica no que diz respeito à deficiência mental e intelectual.
            O Mini-Aurélio define deficiente, em sua página 205, como a pessoa que apresenta deficiência física ou psíquica. Na vida escolar e profissional, relacionada à educação, se depara com confusões verbais quando pessoas leigas e mesmo portadores de licenciaturas em pedagogia ou disciplinas na área da psicologia e mesmo psicopedagogia, se referem às crianças com determinados problemas de aproveitamento escolar ou mesmo situações mais complicadas de forma errada, rotulando  crianças sem nenhuma preocupação de definir, de fato e tecnicamente, a situação específica de cada uma.               
Misturam problemas de ordem cerebral com problemas de ordem apenas de conduta ou desvios e mesmo falhas educacionais, geradas, em especial, em famílias com problemas das mais variadas ordens. Nesta ordem de confusões, a dislexia e a hiperatividade acabam formando um enorme conjunto de confusões.
            É comum ouvir professores e membros da administração escolar se referir a uma determinada criança como deficiente mental ou mesmo autista. Alguns arriscam afirmar que esta ou aquela criança deveria estar na ‘APAE’, e não nos bancos escolares regulares, ignorando, inclusive, as questões da inclusão escolar atualmente tratada e exigida das unidades escolares em suas séries iniciais. São várias as classificações ou categorias da deficiência mental, sendo a mais clássica: leve, moderada, grave e profunda. Em todas as fases, as pessoas com o transtorno são inteiramente dependentes de atendimento multiprofissional
De forma comparativa, no âmbito teórico, o autismo é uma disfunção comportamental embora não haja malformação cerebral. Algumas linhas de estudos apontam para mudanças bruscas em algumas áreas do cérebro de pacientes autistas, incluindo um aumento moderado do cérebro fetal ou na 1ª infância. Fatores genéticos, ou a exposição do cérebro em desenvolvimento a alguma toxina ambiental ou infecção, pode ser a causa dessas anormalidades. O impacto cerebral pode piorar durante a vida, enquanto o indivíduo é continuamente exposto a tais fatores ambientais, ou dentre aqueles com incapacidade de quebrar e se livrar dessas toxinas. Nos portadores de deficiência o padrão é totalmente diferente. As causas se alicerçam em disfunções ou mesmo anomalias cerebrais.
            No cérebro normal, essas áreas coletivamente conhecidas como o sistema límbico, estão envolvidas em atividades complexas como encontrar significado nas experiências sensoriais e perceptivas, no comportamento social, na emoção e na memória. O sistema límbico está envolvido no controle de complexos movimentos habituais como aprender a se vestir, a se lavar, participar de atividades coletivas e de pequenos grupos.  A atividade artística está relacionada ao funcionamento do sistema límbico, da mesma forma que a agressão e o vício, ou mesmo a repetição de determinados gestos.
                        Aspectos biológicos e comportamentais do autismo remetem a doenças como a esquizofrenia, a epilepsia e outras tantas raras condições neurológicas pediátricas. Disfunções da química cerebral têm sido apontadas em vários estudos autistas. Compostos metabólicos resultados de digestão alimentar e também compostos como as citocinas, são conhecidos por terem efeitos profundos no desenvolvimento do cérebro. Diagnósticos se alicerçam no comprometimento na interação social; no comprometimento da comunicação verbal e não-verbal e no brinquedo imaginativo e no comportamento e interesses restritos e repetitivos. Algumas doenças são associadas ao autismo como a varicela, a herpes, a pneumonia, a rubéola, o sarampo, a toxoplasmose, a sífilis e até a caxumba.
Na área da deficiência mental, pode se afirmar que tal transtorno é resultado, quase sempre, de uma alteração na estrutura cerebral, provocada por fatores genéticos, na vida intra-uterina, ao nascimento ou na vida pós-natal. O grande desafio é que quase metade dos casos estudados resulta de causas não conhecidas e quando analisados apresentam espectro de patologias que tem a deficiência mental como expressão de seu dano comum como a Síndrome de Dow e a Paralisia cerebral. A Síndrome de Dow é um conjunto de características especificas como a hipotonia, face com perfil achatado, excesso de pele na nuca, orelhas pequenas e displásicas, entre outros, e não uma doença. É uma anomalia causada durante a formação do feto que pode ocorrer com qualquer pessoa, chamada de Trissomia do Cromossomo 21. A deficiência intelectual é praticamente o resultado de uma alteração na estrutura cerebral, seja ela causada por razões genéticas, traumas pré e pós parto ou ainda na vida pós-natal.
                        Quanto à avaliação da atividade intelectual uma das mais fecundas abordagens dos últimos tempos é o estudo de Inteligências Múltiplas, proposta por Howard Gardner. Filmes vários como Forrest Gump, O contador de histórias, Gaby, uma história verdadeira, Rain Man, Simples como amar e O óleo de Lorenzo ilustram bem esta questão. À luz da ciência, devemos amparar nossas crianças com esta dificuldade, em idade escolar e mesmo na fase adulta, e jamais rotularmos crianças como autistas ou mesmo deficientes mentais sem uma análise técnica e médica, e, portadoras ou não da deficiência, olhando estes seres como passíveis de aprendizagem, de comunicação, do exercício das atitudes sociais, comunitárias e familiares, inclusive escolares.
            O autismo faz do ser humano um corpo vivo preso a um meio ou um momento, ou mesmo um espaço. Este espaço, porém, pode ser alargado, aberto, arejado e tornado num meio agradável e que resulte ao autista uma vida melhor, mais adequada e mais feliz. A pintura, a música, a arte são para estas pessoas horizontes a serem alcançados e sem muita dificuldade.  a deficiência mental impõe restrições determinadas pela biologia, mas, nada impede que ser não possa ser melhorado, aprenda a, agir com mais naturalidade e consiga se tornar num ser mais agregado ao mundo onde vive e, proporcionar à família e sociedade, momentos de menos sofrimento e até de dor. Destaque-se que a longevidade do autismo é normal. Não existe cura, mas existe tratamentos que facilitam, e muito, a vida do paciente e da família.
            Sem dúvida, um autista não é um deficiente mental da mesma forma que um deficiente mental não é um ser fadado a apodrecer num canto como se nada de valor tivesse para oferecer. O diagnóstico do autismo, e não há dúvidas da deficiência mental, devem ser feitos por pessoas habilitadas e com base em exames clínicos e técnicos, aliando-se a testes genéticos que muito podem auxiliar o médico na descoberta de ambos os problemas e buscar especialidades na minimização de ambas as síndromes.
            Em ambos os casos, por trás de toda a moldura que se aplica, há um ser humano que merece ser tratado como tal e respeitadas suas limitações até o mais elevado grau.























Fonte: Karla e Luiza, 2009
Outras notícias importantes:

Biológo vê origem do autismo em célula:

Autismo é o preço da inteligência, diz descobridor da estrutura do DNA:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u575851.shtml


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A ESTRADA BOIADEIRA E SUA HISTÓRIA


Já nos idos de 1.897,Taunay, na época tenente depois  major e Visconde do Governo de Sua Majestade Imperial  D.Pedro II , que na época ocupa cargo assemelhado ao de Ministro dos Transportes atual, preconizava a abertura de uma estrada que ligasse a Capital - Rio de Janeiro  e por conseguinte São Paulo aos estados de Minas Gerais e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O ponto de contato seria o Porto do Tabuado, nas margens do Rio Paraná .
Apesar de conhecer todas as dificuldades, o Governo de São Paulo, por meio do Secretário da Agricultura, Commércio e Obras Públicas, Dr. Jorge Tibiriça, contratou os serviços do  eminente engenheiro Olavo  S. Hummel que deu início a um arrojado projeto partindo do último ponto atingido pela Estrada de Ferro  do Estado de São Paulo, a cidade de Jaboticabal . O Dr. Hummel elaborou o projeto em março de 1.895, que em linha praticamente reta passava pela Vila de  São José do Rio Preto, criada em 1.852 e adentrava à luxuriante floresta paulista que ia até as barrancas dos Rios Paraná e Rio Grande. O Porto do Tabuado ficava nas margens do caudaloso Paraná.
Os serviços da tão sonhada estrada se iniciaram somente em 1.896 e nossa região teve como colaborador do Projeto o Engenheiro Ugolino Ugolini que chegou a ser suplente de vereador em São José do Rio Preto no ano de 1.894, cujas eleições se deram em 29 de outubro do referido ano.  Este mesmo engenheiro elaborou a planta do Quinhão 15  da Fazenda Jatai de Cima que viria a ser a primeira planta baixa de Tanabi.
Por parte de Mato Grosso e de Minas Gerais pipocavam movimentos no mesmo sentido. Em 1.825 o Presidente de São Paulo (denominação da época)  desejava abrir uma estrada que partisse de São Bento de Araraquara e se estendesse até o Rio Grande. Pretendia se atingir Goiás e Cuiabá, grandes centros urbanos da época. 
Em 1.830, o Presidente de Mato Grosso, Pimenta Bueno, determinou a abertura de uma picada daquele Estado até São Paulo. O Prefeito de Araraquara , Manoel Joaquim Pinto de Arruda, se empenhou na obra e muito colaborou para sua realização. Um movimento de grande monta se organizou e os "bandeirantes" de São Bento de Araraquara, em sua grande maioria mamelucos, se lançaram a caminho na abertura da estrada tão sonhada. Juntou-se ao projeto a cidade de Piracicaba em 1.837. Em 1.840 o Governo Paulista pedia contas das despesas que foram apresentadas em relatório por Manuel Joaquim Pinto de Arruda sobre o trecho de Araraquara ao Rio Paraná. As despesas já atingiam setecentos contos de réis. Os custos eram estimados em duzentos contos de réis por légua, em razão das pontes a serem instaladas.
A obra foi se arrastando e por muitas vezes foi interrompida com grandes prejuízos aos serviços já executados. Parte do trecho se arruinou pelo abandono apesar das reformas feitas.
Em 15 de janeiro de 1.902, por iniciativa do vereador Artur Ramos, da cidade de S.J.R.Preto foi apresentada  indicação ao Governo Paulista no sentido de dar atenção à Estrada do Tabuado por ser ela de suma importância para a região.
As dificuldades acabaram por abater o ânimo dos bandeirantes-construtores da Estrada do Tabuado.  De 1.923 até 1.931 as prefeituras da região se uniram para apelar ao Governo do Estado de São Paulo pela conservação da Estrada do Tabuado já conhecida como Estrada da Boiadeira e por onde o progresso havia atingido toda a região do Estado de São Paulo fazendo nascer, em suas margens, inúmeros povoados e cidades. Algumas dessas comunidades desapareceram, mas um grande número de cidades resistiu e se tornaram em centros urbanos que deram à região noroeste do Estado de São Paulo a importância que hoje tem.
O Movimento Constitucionalista de 1.932 teve, na Estrada Boiadeira,  uma grande aliada. Foi por ela que nossas forças marcharam e dominaram o Porto Tabuado. Em Tanabi foi sediada a Resistência - o MMDC - presidida pelo ilustre historiador de Tanabi senhor Sebastião Almeida Oliveira. Em trincheira próxima a atual Cosmorama morreu o soldado Amaro, de Tanabi.
A Estrada Boiadeira ou a Estrada do Tabuado  foi o caminho ocupado pelos paulistas na defesa de  nosso  Estado e de nossas aspirações. Foi por ela que o progresso chegou e a ela devemos o presente que hoje desfrutamos.
Em 1.942 o Governo elaborou plano rodoviário que envolveu grande percurso da Estrada Boiadeira até o Porto Getúlio Vargas - nova denominação do Porto do Tabuado. O projeto não logrou  êxito, mas  foi o nascedouro de novas estradas atingindo Pereira Barreto, Avanhandava e  Ilha Solteira e por conseguinte toda nossa região até Rubinéia, nas barrancas do Rio Paraná .
Logo depois Feliciano Sales Cunha foi autorizado a implantar uma estrada que ligava Tanabi ao Porto do Tabuado e pela nossas jardineiras, por muitos anos, transportaram  nossos habitantes para vários pontos do Estado de São Paulo e para cá trouxeram  um sem número de novos moradores. A Estrada da Boiadeira ou Estrada do Tabuado foi a grande artéria de progresso para toda nossa região e foi por ela que o  desenvolvimento atingiu estas bandas do Estado de São Paulo.
A Estrada do Tabuado cortou transversalmente Tanabi e ocupou a atual rua Sete de Setembro. Tanabi é, portanto , um dos portais da Estrada Boiadeira a quem devemos nossa própria existência. Foi às suas margens que nosso fundador Joaquim Francisco de Oliveira - o Joaquim Chico - plantou o Arraial do Jatai, depois Tanabi, em 4 de julho de 1.882.
A Estrada Boiadeira, tornada realidade, fez nascer a Rodovia Euclides da Cunha , a SP-320 - que é uma homenagem ao grande escritor brasileiro que, visionário, preconizava a necessidade da grande artéria - a Estrada do Tabuado - para a interligação dos importantes estados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.
Hoje, a ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná consolidou o sonho e a proposta de Hummel se tornou realidade plena apesar de trilhar por outros caminhos. Mais recentemente o Porto do Tabuado foi chamado de Porto Itamarati.
Portanto, a Estrada Boiadeira  deve ser preservada como um dos pontos mais importantes para o progresso de nossa região. É ela a razão do nascimento de muitas cidades que hoje orgulham nosso Estado e País.
Sabemos que, transpondo o Rio Paraná,fugindo das conseqüências da Guerra do Paraguai, um significativo número de "mineiros", imigrantes portugueses, em sua maioria,se aventurou por nossa região no final do século XIX e início do Século XX. Desceram pelo caudaloso São José dos Dourados e muitas famílias se fixaram nas terras devolutas do Estado de São Paulo  no noroeste do Estado de São Paulo, em especial, nas férteis terras do Jatahy.
Há notícias de que foram vários os caminhos que serviram estes verdadeiros bandeirantes. Não deve ter sido apenas a Estrada do Tabuado a compor este mosaico de aventuras, mas há unanimidade dos estudiosos em afirmar que esta foi a maior artéria de deslocamento em nossa região e que por ela o progresso trilhou rápido.
Valorosos trabalhos têm sido feitos por historiadores e estudiosos da estrada boiadeira, com destaque para a pesquisa feita pelo riopretense Jocelino Soares, preservando em sua obra não só relatos de alto valor como também fotos do que ainda temos desta nossa importante artéria, bem como o historiador jalesense Genésio Mendes de Seixas, em importantes trabalhos descritivos objetivando a prservação do patrimônio e da memória referente a tão importante tesouro regional.   A preservação das tradições é uma forma de se honrar o passado, valorizar os sonhos de homens e mulheres de ontem e por conseguinte de se poder,hoje,desfrutar  do presente com a certeza de estarmos contribuindo para o futuro, onde todos, numa só corrente, nos dispomos a  construir.

EDUCAÇÃO: REFLEXÕES NECESSÁRIAS




A educação é um processo moroso que se inicia nos primeiros momentos da vida de uma pessoa, de um indivíduo, e se prolonga por toda sua vida. As fases são naturais e não podem ser ‘puladas’. Não se admite falhas neste processo. Deve ele ser constante, sequencial e cumulativo.
Houve tempo em que a educação era responsabilidade única do Estado enquanto poder político organizado. Só haviam escolas oficiais, reconhecidas e dotadas de poder absoluto na busca de seu objetivo: transmitir conhecimentos. Hoje ensinar é preparar o cidadão para o exercício pleno da cidadania.
Segundo Freire em seu livro ‘Pedagogia da Autonomia’1996, ensinar exige pesquisa, exige respeito aos saberes dos educandos; ensinar exige criticidade; ensinar exige estética e ética; ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo; ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; ensinar exige reflexão crítica sobre a prática; ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural. Defendeu o referido educador a progressão continuada que, infelizmente, acabou sendo convertida em promoção automática, que se tornou no grande fantasma da educação.
Ensinar não é transferir conhecimento. Há necessidade de se ter em mente que ensinar exige consciência do inacabamento do educando e do educador, visto que o ser nunca aprende tudo sobre tudo nem ensina o que não sabe e nem mesmo tudo o que sabe.
Recentemente foi constatado que 26% dos professores da rede pública estadual afirmaram que seus alunos não sabem ler nem escrever. Entendo que a porcentagem é pequena, e com certeza as respostas tentaram ‘encobrir’ um percentual muito mais elevado, talvez até por buscar encobrir a defasagem em que o ensino realmente se encontra ou a própria participação do pesquisado no processo. A repetência no ensino médio é assustadora,somada à desistência, sendo necessário se destacar que a maioria dos alunos é aprovada pelo conselho, ou seja, é ‘empurrada’ para frente. Basta se ler as atas dos conselhos de classe onde predomina a expressão: ‘aprovado pelo conselho’, o que significa, foi reprovado, mas foi promovido para a série seguinte. Nesta fase o professor é conivente, pacífico, calado e concorda com o que os gestores da escola desejam,determinam a mando de esferas superiores. Semelhante procedimento é adotado no ensino fundamental.
Em 2010 o Estado de São Paulo obrigou as escolas a promoverem alunos que estejam em defasagem de idade, conforme a série. O processo se chama ‘reclassificação’, ou seja, o aluno tem idade para estar na sexta, sétima ou oitava séries, então ele ‘pula’ para a série conforme sua idade, mediante um procedimento de “provinhas” que são montadas e que não representam a verdade, tudo num verdadeiro ‘ circo educacional’. Promove-se o aluno sem nenhum ‘pudor’ didático ou  pedagógico. O criador deste processo deveria ser responsabilizado. Pensou no equilíbrio das idades mas cometeu um verdadeiro crime quando aos princípios básicos da educação.
O mercado de escritores sobre pedagogia da educação está totalmente inchado. A grande maioria dos autores nunca deu uma aula a não ser como aulas-modelos para clientelas montadas para o ‘espetáculo’ educacional. São teóricos que sonham enquanto os professores no batente das salas de aulas estão em constantes pesadelos.  Raríssimos são os que enfrentaram os 200 dias letivos mais 165 na preparação de todo o trabalho do período letivo. Das duas uma: ou rasgariam o que escreveram ou reescreveriam  tudo demonstrando o que realmente ai está.
O tempo, num passeio por um determinado espaço medido por anos, modifica o ser, os grupos sociais, os estados e até os pensamentos que foram entendidos como imutáveis por serem próprios da essência humana. O indivíduo, em processo de educação, se adapta ao tempo vivido. Absorve as ‘perfumarias’ da época e do meio onde vive.  Transforma-se. Transmuta-se de um ser natural em um ser produzido, montado conforme as circunstâncias e o desejo do poder político reinante. O que determina tudo e o que realmente interessa, são as ‘estatísticas’ positivas, números.
No sistema adotado recentemente, as avaliações para progressão continuada (introduzida em 1998, junto com o sistema de ciclos que praticamente extingue a repetência) serão feitas nas 2,4ª,6ª e 8ª séries e não mais apenas na 2ª,4ª e 8ª séries, que também eram presentes só no papel. De que adianta a avaliação se não há retenção? Se fosse ‘pra valer’, alguma coisa de bom aconteceria, mas na prática ficará, como antes, apenas no papel e os conselhos continuarão a ‘promover’ os alunos, mesmo que tenham notas vermelhas em todas as disciplinas e registrem, como condição ‘sine qua non’ presenças (física) dentro do mínimo necessário. O aluno sabe que será promovido e em razão disto, deixa as coisas acontecerem do jeito que for melhor e mais proveitoso para ele. O estudante bom deixa de estudar; o que não quer nada com nada, nada de braçadas nos seus conceitos de matar o tempo na escola. A criança na escola dá à família um tempo de sossego e não há mais interação plena entre os dois pilares da educação que são a família e a escola. Ambas estão totalmente divorciadas. Registro aqui meu repúdio à idéia da reprovação pela reprovação.
O processo de recuperação paralela ou mesmo de reforço são utopias e campeiam na área da criação imaginativa de nossos mentores educacionais. Se há reforço, há fracasso confesso do processo educacional vigente. E este fracasso, ocorreu por que?
Precisamos não só de escolas para todos, mas de escolas de boa qualidade para todos, sejam pobres, sejam ricos, se de fatos desejamos uma pátria forte, menos injusta socialmente. A educação funciona com vontade política. Somos responsáveis pelos homens públicos que colocamos no poder’.(Izabel Sadalla Crispino,Repetência Escolar,Supervisora de Ensino aposentada(2000).(grifo nosso)
Andy Hargreaves, em seu livro ‘Ensino na sociedade de conhecimento: Educação na era da insegurança’, afirma que vivemos em uma economia do conhecimento e que as escolas são as geradoras destas matrizes, já que a riqueza e a prosperidade dependem da capacidade das pessoas de superar seus concorrentes em criação e astúcia, sintonizar-se com os desejos e demandas do mercado consumidor e mudar de emprego ou desenvolver novas habilidades à medida que as flutuações e os momentos de declínio econômico assim o exigirem.
Ensinar é uma profissão paradoxal. Afirma Rubens Alves em seu livro ‘A alegria de Ensinar’ que o professor não morre jamais e que ensinar é um exercício da imortalidade. Dos professores (e das escolas) se espera que construam comunidades de aprendizagem; criem a sociedade do conhecimento e desenvolvam capacidades para a inovação, a flexibilidade e o compromisso com as transformações essenciais à prosperidade econômica do país e do educando.
Os professores de hoje se encontram presos por uma poderosa força de interesses e imperativos conflitantes. Um cipoal de legislação envolve seu trabalho e o transforma em repetidor de textos, de informações onde o conhecimento escoa para caminhos indefinidos e perigosos. E o que é pior, com os nervos à flor da pele, não só em razão dos salários percebidos, mas, em especial, porque sabem que o sistema está comprometido e com mínimas chances de sucesso.
O tempo flui eterna e continuamente. A educação age, o novo cidadão aflora e, no mesmo processo em que foi gestado continua a produzir novos cidadãos, à sua semelhança e também no mesmo processo de modificação ou de imobilização. Esta seqüência se instala continuamente e o produto da educação emerge e comanda novos processos numa interminável seqüência perigosa e contagiante.
Como uma virose, os produtos da nova educação e do implantado processo cultural, se tornam ‘modelos’ e os doutores, mestres e especialistas em educação, numa euforia preocupante, aplaudem a ‘ modernização do ensino’ como que o grande messias que era esperado para a redenção da espécie humana.
A questão da avaliação é um tormento para os professores. Regras e mais regras e o que se tem realmente é uma promoção automática disfarçada, onde só interessa a presença física do aluno, desmotivado ou não, aprendendo ou não. Retenção só por abandono e ainda assim há casos de promoção, com retirada do excesso de faltas para se poder diminuir ao máximo o número de repetentes. Números negativos causam mais temores do que cruz para vampiros. O processo da avaliação está semelhante a uma dona de casa que, catando feijões com defeito, depois de muito trabalhar, ao final, junta tudo e põe na panela. De nada adianta o esforço dos professores, visto que ao final, todos serão promovidos, gerando uma total sensação de impotência e inutilidade.
Modificam-se grades de ensino, criam-se promoções continuadas, fundem-se disciplinas e criam ‘blocos’ de matérias que são pensadas como soluções aos inúmeros problemas educacionais que enfrentamos no Brasil, em nossos estados e em nossos municípios desde a década de 60 com a famigerada criação de licenciaturas breves e plenas para engordarem as estatísticas frente ao mundo.
Os laboratórios educacionais continuam freneticamente na produção de ‘fórmulas mágicas’ pensando resolver a questão da transmissão do conhecimento, da preservação dos valores culturais, sociais, morais e políticos. Poções mágicas fantasiosas, sem ter o pé no chão e sem reconhecer os métodos utilizados ontem e que deram certo. Tentam apagar o passado com borrachas duras que só rasgam o papel e a nada chegam.
Posso parecer negativista no que aqui registro, mas isto tudo nasce da realidade concreta da escola hoje. Há pontos positivos a serem comemorados e não são poucos, apesar da alta dose de propaganda enganosa veiculada pela mídia e assinada por velhos discursos que a nada levam. Educar é um processo. Estas ‘invenções’ por meio de injeções venosas são paliativas. Uma vez interrompido, retomá-lo é doloroso. É como um tratamento médico que, defeituoso, precisa se iniciar no zero se o paciente não entrar em óbito antes.  As seqüelas destas interrupções no processo educacional são perigosíssimas e incuráveis. As gerações submetidas a estes procedimentos podem ser prejudicadas de forma irrecuperável no tempo e no espaço
O professor tem uma função complexa, singular, interdisciplinar, contextualizada. Complexa, porque precisa ter sensibilidade para perceber e acolher as diferenças individuais e, singular porque precisa desenvolver seu trabalho no nível e no ritmo de cada aluno, respeitando sua potencialidade, desenvolvendo suas habilidades e atitudes à medida que seus alunos se apropriam do conhecimento.
O processo educacional está doente e não a educação. Os gestores deste processo precisam acordar para esta realidade. É preciso baixar as armas e se propor a começar tudo de novo, antes que tarde demais. Feio não é mudar de idéias, feio é não se ter idéias para serem mudadas. O brasileiro é inteligente e capaz de produzir coisas muito melhores do que esta parafernália que se ostenta no país há mais de três décadas.
Um processo educacional defeituoso repercute em todos os demais segmentos da sociedade humana e alcança gerações futuras, com graves conseqüências no sistema de produção, uso, transmissão e evolução do conhecimento, sem se incluir aqui as questões de natureza social e familiar.
Educação implica em cultura. Em ambas a certeza num futuro melhor.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AS CÉLULAS-TRONCO, ANTECIPAÇÃO DO FUTURO




           O  ser humano, enquanto ser pensante,é altamente contraditório em ações, atitudes, pensamentos, decisões e teme, sempre, o desconhecido, embora deseje conhece-lo ardente e constantemente.
            Estudos demonstram que há 3 bilhões de anos, na Era Cenozóica, já se constatava a existência de células. Formas de vida mais complexas, as células procariontes, deram as caras há 2 bilhões de anos com o surgimento da camada de ozônio; há l bilhão os eucariontes se fizeram presentes disseminando-se sobre o planeta. Há 600 bilhões de anos foram inaugurados os primeiros organismos multicelulares; há 400 bilhões de anos conhecemos os vertebrados; há 300 bilhões os répteis; há 200 bilhões os mamíferos e há “apenas” 100 mil anos surgiu o homem , descendo das árvores e pisando sobre a Terra.
            Mendel definiu as bases da genética,embora sem o saber, e hoje a célula é o alicerce científico que abre enormes possibilidades de o homem prolongar seu ciclo de vida. No início do século XX a expectativa de vida era de 30 anos. Hoje supera os 70, o que significa o dobro em um século. O bioquímico inglês, Audrey De Grey, da Universidade de Cambridge, aposta que o homem pode prolongar sua vida por mais de 1.000 anos. “Afirma Se o envelhecimento é um fenômeno físico em nosso corpo, o avanço da medicina poderá atacar a velhice da mesma forma como faz com as doenças”. Ele garante esta conquista com o combate à degeneração celular, a eliminação das células não desejáveis e o controle na mutação dos cromossomos e das mitocôndrias. Não se pensa aqui na superpopulação da Terra. Estamos falando em vida.
            No século XIX assistimos à criação de clones. A clonagem é a técnica de fazer um organismo, ou parte dele, por meio de reprodução assexuada (reprodutiva ou terapêutica). Surgiram vários movimentos contestatórios, especialmente quanto ao caráter laico do Estado, que deve governar mas não interferir nos assuntos de religião. Difícil esta parte,visto que a religião interfere nos assuntos do Estado,não só pela ação de alguns líderes religiosos  como também por parte dos adeptos.
            De tudo isso e mais muita coisa, assistimos no final de maio de 2008, os embates dos membros do Supremo Tribunal Federal brasileiro e seus ecos persistem até hoje. Houve época em que um cidadão foi condenado pela Igreja por ter sedado a esposa para realizar uma cesariana. Quase às portas de perder a cabeça, a qual a Inquisição desejava, defendeu-se dizendo que Adão foi feito dormir por Deus para ter sua costela retirada e fazer nascer Eva. Ganhou a briga. Interessante que em Direito definiu-se o começo da vida com a fecundação. Por que o mesmo direito reconhece como ser vivo e com direito à herança o indivíduo só depois de nascido, e vivo? Um natimorto não adquire direitos nem gera herdeiros. Não era até então um embrião e depois um feto?
            Esta discussão no STF mostrou que o Brasil fica sempre a reboque. O mesmo aconteceu com o projeto Genoma. Enquanto discutimos o óbvio, o tempo passa e a Ciência fica amarrada de forma semelhante como no período obscurantista. Será preciso que aconteça, outra vez o Renascimento, quando o homem começou a sair das trevas, da perseguição e do sacrifício de vidas humanas para que a humanidade pudesse viver melhor? Foram mais de quinze séculos para que se aceitasse que o Sol era o centro do Sistema Solar. Até então quantos morreram por causa desta teimosia da Igreja e outros setores em dizer o contrário?
            Entendo que o domínio das células-tronco é, na verdadeira acepção da palavra, um milagre científico. Milagre não se explica,bem o sei. O que está ocorrendo é uma dádiva. É a justificativa clara e plena de que o homem, pela ciência, pode fazer de sua vida e deste planeta o lugar ideal, o verdadeiro Paraíso, não o perdido, como escreveu John Milton em 1667, mas o eldorado da plenitude da vida humana. Este domínio científico transformando as células-tronco em mais de 220 tipos de células do corpo humano que poderão ser regeneradas ou reconstruídas é simplesmente fantástico. Deixados de lado os aproveitadores e os mercenários naturais de todos os sistemas humanos, sejam as pesquisas bem vindas e que seus frutos, em breve, apesar do atraso, possam ser reconhecidos da mesma forma como os transplantes vieram,foram contestados e mudaram a vida dos homens deste pobre e complicado planeta chamado Terra.

            Tanabi, fevereiro de 2011


CHARLES DARWIN, UM HOMEM DE VISÃO



         Há mais de um século e meio que o naturalista inglês Charles Darwin assombrou o mundo com o lançamento de seu livro ‘ A Origem das Espécies’, em 1859. O homem levou cerca de três bilhões e quinhentos milhões de anos para entender, ou começar a entender, que os seres vivos sofrem sucessivas evoluções no transcorrer de uma escala de tempo-espaço. A ciência levou todo esse tempo para colocar num pedaço de papel a ‘Teoria da Evolução’, e sua vitrina a ‘Seleção Natural’. Comparativamente a Mendel, já no início do séc. XX, que não sabia nada sobre o gene, também Darwin desconhecia este elemento. Suas observações pelo mundo foram dignas de um gênio. Sabia que sofreria com isso, mas, não fez como Galileu frente aos inquisitores.
         Descoberto o ‘fio da meada’, sabe-se hoje que o gene tem como função básica codificar proteínas, que por sua vez desencadeia inúmeras reações químicas próprias dos seres vivos, bem como já se sabe que o gene não atua sozinho, o que fez nascer um dos mais ambiciosos projetos humanos – o do genoma humano, também chamado proteoma humano.
         Aristóteles, no séc.IV a.C. já estudava biologia, apesar de ser conceituada apenas no séc. XIX. Em 1665, o inglês Robert Hooke iniciou o estudo das células. Lineu cria o primeiro sistema de classificação de plantas e depois de animais. No mesmo século James Watson e Francis Crick abrem a caixa de segredos da estrutura molecular do DNA e começam a decifrar o genoma, fato consumado apenas em 2000. A geologia, a paleontologia, a antropologia, a biofísica e a bioquímica, a etologia (estudo do comportamento animal) e modernamente da ecologia, tudo num só caldeirão da bruxa Ciência, fez com que Darwin suspendesse o véu da evolução animal, e em especial, do ser humano. A clonagem, seja ela reprodutiva ou terapêutica, bem como a nanotecnologia, já abre as portas da ciência do futuro.
         Parece que o tempo não é muito amigo do espaço, apesar do tempo só existir de houver um espaço. Ptolomeu, no século II, ‘bolou’ seu geocentrismo (a Terra no centro do Universo). Passamos por Platão, Aristóteles, Filolau de Crotona, Giordano Bruno, Galileu e só Copérnico, em 1543, conseguiu desbancar a Terra de seu trono central com seu heliocentrismo (o Sol no centro). A coisa quase pegou, mas passamos por Tycho Brahe, Kepler, Newton e só Jean Bernard Léon Foucault conseguiu provar, com seu famoso pêndulo, que a Terra gira em torno de seu eixo. Foram cerca de dezesseis séculos. Levando-se em consideração a questão tempo, Charles Darwin é um sucesso, visto que só ele, de fato e de forma cabal, explicou, ou pelo menos começou a explicar, a evolução da vida na Terra nestes bilhões de anos. É lógico que antes de Darwin alguns arranharam a questão evolução, o mesmo acontecendo com Foucault, com relação à rotação da Terra.
         Darwin estava sobre os ombros de seus antecessores, tal como modestamente afirmou Newton, mas Darwin estava sobre e soube enxergar e compreender o que se colocava diante dos seus olhos.
         Parafraseando Richard Dawkins, ‘por que as coisas existem?’. Por que precisamos explicá-las? O que é a História? O que é o homem? Por que existimos? No caso de Darwin, o que o levou a escrever seu livro? O que ele queria provar e a quem? Certo é que Ptolomeu foi um gênio ao pensar na Terra como o centro de tudo, visto que até então ninguém pensava em tão estranho assunto. Apesar de tudo, aplausos ao gênio que por suas idéias fez morrer, pela Inquisição, muitos que ousassem dizer ou mesmo pensar em contrário. Aplausos a Copérnico que colocou o Sol no centro do já conhecido Sistema Solar, mesmo que bastante tarde.  Galileu gaguejou e foi processado porque dizia que a Terra girava. Negou, mas Foucault provou que ele tinha razão. João Paulo II em 1992 também. E daí?
         Tem razão Richard Dawkins em seu livro ‘O Gene Egoísta”. Ele aplaude Darwin, mas comprova que a seleção natural é um ato egocêntrico da vida e jamais altruísta como se pensava e ainda muitos pensam. Não há gene altruísta, aquele que resulta no bem de todo o conjunto. Impera o gene individualista, visto que a seleção não é realmente natural e sim individual. Diz Dawkins “...o amor universal e o bem estar da espécie como um todo são conceitos que simplesmente não fazem sentido do ponto de vista evolutivo”. Com Darwin, a vida inteligente da Terra alcançou a maioridade no momento em que o homem começou a compreender, pela primeira vez, a razão de sua própria existência e de como foi seu caminho desde seu surgimento no planeta.
         Pelo trabalho de Darwin, o ser humano busca entender, agora, qual seu papel neste formidável concerto da vida; neste estranho e maravilhoso rebento do Universo: a Terra.

         Tanabi, fevereiro de 2011



FAMÍLIA, ESCOLA E SOCIEDADE



         Nossos dicionários definem família como ‘pessoas aparentadas que vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. Pessoas do mesmo sangue, origem, ascendência. O conjunto dos caracteres ou dos tipos com o mesmo desenho básico’. (Mini-Aurélio,p.322). O ser humano começa na família. É na família que a criança seleciona seus valores. É na família que nasce a personalidade. É na família que se forja o cidadão. Do alto de sua experiência Pitágoras exclamava já no seu tempo: “Educa as crianças e não será preciso castigar os homens”.
         Escola, ‘estabelecimento público ou privado onde se ministra ensino coletivo. Alunos, professores e pessoas duma escola’. M. (Aurélio, pg.281). Lugar onde se transmite conhecimentos. Casa de formação cultural.
         Sociedade: ‘agrupamento de seres que vivem em estado gregário. Grupo de indivíduos que vivem por conta própria sob normas comuns. Comunidade’. (M.Aurélio, p.642).
         De posse destas três definições, o que dizer sobre o elemento vital do trio, o ser humano?  É o ser humano um animal que não sabe (e não pode) viver sozinho e que só sobrevive até doze anos sob total proteção dos seus ascendentes: os pais. Sob a ótica do direito até esta idade é uma criança. Sua tutela está totalmente sob a orientação, educação, preparo e estruturação da família. A família é a forja e seus membros,sendo equivalente ao martelo que molda o ferro em brasa. Trabalhando forte e continuamente este ferro se alcança o modelo desejado.
         É no seio familiar que a criança se torna num adolescente e de adolescente em adulto. Nos modelos que vê, vivência e prática, nascem dentro de casa, em torno de uma mesa de refeições, no quarto de dormir, na sala de visitas, na cozinha, na varanda e desembocam na rua, o grande ponto de interrogação que aflige a todos os pais e, mais modernamente, a sociedade como um todo.  Da rua chegam à escola, onde deveriam colocar em prática tudo o que foi aprendido no seio familiar e, em seqüência, adquirir informações culturais que levariam este ser à fase de cidadão em formação plena. Usei os verbos ‘deveriam ‘ e ‘levariam’ indicando que isto não mais acontece, sob nenhuma forma ou roupagem, neste estranho tempo dito moderno, ressalvados os casos excepcionais onde a família ainda está presente e em ação.
          A educação é dever da família e do Estado, visando o desenvolvimento pleno do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 2º da Lei 9.394, de 20.12.96). Letra morta, infelizmente, em extraordinário grau. A família e a escola deveriam ser parceiras, sócias interessadas no processo e, sob nenhuma forma, admitir desvios ou insucessos em nenhum dos lados. Falhando uma ou ambas, como infelizmente está acontecendo, a sociedade pagará, como já paga, altíssimo preço. Pais têm medo dos filhos. Filhos enfrentam os pais. A escola já não mais informa como deveria tendo que suprir a falha da família a quem caberia educar. Como conseqüência, nem educa nem informa. O barril de pólvora é o educando, o futuro cidadão que sairá desta forja com sérios defeitos, partindo para uma luta de peito aberto contra a sociedade, a própria família e a escola. O caos se instala e o futuro se torna bastante temeroso.
         Os limites são instrumentos básicos em todos os processos, sejam eles educacionais ou nas várias áreas do conhecimento humano. Perdidos estes limites pouca coisa se poderá fazer. O afeto é insubstituível na formação do ser humano e ele está se tornando ausente na família e, por conseguinte, na escola e por conseguinte nos demais segmentos sociais. O resultado disto será um adulto vazio, frustrado com a vida e com a sociedade e, neste instante, nasce a delinqüência como forma de enfrentamento, o único instrumento que o educando, o ser em formação, tem para usar e usa magistralmente. As drogas se tornam no elemento explosivo de todo este sistema que, como um homem bomba, vai explodir e alcançar negativamente todo o corpo social.
         Sinal vermelho neste perigoso entroncamento: educando, escola, sociedade.
         Alerta !

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A DITADURA MILITAR NO BRASIL



             Para que não caia no esquecimento por parte dos mais adultos e seja de conhecimento dos mais jovens, é preciso jamais esquecer o que aconteceu no Brasil de 1964 a 1985, e para se entender o golpe militar de 1964, necessário se torna um pequeno recuo na história do Brasil. A este recuo podemos chamar de Terceira República Brasileira, com o afastamento de Getúlio Vargas em 29 de outubro de  1945. A União Democrática Nacional, a poderosa UDN era oposição ferrenha a Getúlio. A figura mais destacada era o empresário e jornalista Carlos Lacerda, somando-se a ele Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, Júlio Mesquita (O Estado de São Paulo) e a família Marinho ( Globo) É legalizado no Brasil o Partido Comunista Brasileiro, o PCB,dirigido por  Luís Carlos Prestes.
            Era chamado de ‘Partidão’ e a ele se associavam Graciliano Ramos, Jorge Amado, Caio Prado Júnior, Cândido Portinari, Luiz Carlos Prestes e outros. Com a queda de Getúlio assume o General Eurico Gaspar Dutra, do Partido Social Democrático, o PSD. Em 1947 Dutra decreta a ilegalidade do PCB, sendo fechada a Confederação Geral dos Trabalhadores e mais de cem sindicatos e iniciada intensa perseguição aos comunistas. O Brasil rompe relações diplomáticas com a antiga URSS. Neste ano são fechados os cassinos e decretada a proibição dos jogos de azar (bicho).
            Em 1950 Getúlio se reelege pelo voto popular tomando posse em l951. Sob fortes e violentas pressões governa até 1954, sendo a última luta o famoso atentado da rua Tonelero, onde morre um auxiliar de Lacerda e este fica ferido. Getúlio morre no Palácio do Catete em 24 de agosto de 1954, havendo quem defenda o suicídio, com o o que discordo frontalmente. O caudilho havia enfrentado lutas maiores e emergido, apesar dos arranhões. Assume o vice João Café Filho. Em1955 é eleito Juscelino Kubistchek de Oliveira, tomando posse em 1956. Em 1961 toma posse Jânio da Silva Quadros, que renuncia em 25 de agosto. O Vice João Belchior Marques Goulart é impedido de assumir o governo, só o fazendo com a reforma da Constituição de 1946, por força e imposição dos militares, instituindo-se o Parlamentarismo no Brasil, com duração de 1961 a 1963 atuando como Primeiro-Ministro Tancredo Neves, depois substituído Brochado Rocha. É realizado no país em 1963 um plebiscito e o Brasil volta ao sistema de governo presidencialista. O populismo de João Goulart e suas propostas de reformas políticas acabaram por provocar intensa reação militar e popular, sendo derrubado em 31 de março de 1964, assumindo o governo em abril o general cearense Humberto de Alencar Castello Branco.
            Pelo Ato Institucional nº 1 são cassados mandatos de inúmeros parlamentares e políticos. Pelo Ato Institucional nº 2, foram  extintos todos os partidos políticos, ficando apenas dois: A Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Estava instituído o bipartidarismo no Brasil. Em janeiro de 1967 é decretada a sexta Constituição Brasileira, institucionalizando a ditadura militar no Brasil, que duraria até 1985. Em 13 de dezembro de 1968 é baixado o AI-5, conferindo ao Governo o poder de fechar o Congresso, cassar mandatos, suspender os direitos e o habeas corpus, instituindo a repressão, a censura plena e outras agressões.  Segue-se com o general Emilio Garrastazu Médici os doloros anos de chumbo, com o exilios,mortes,prisões e desaparecimento de centenas de pessoas.
            Durante estes anos o país passou por amargas experiências no campo dos direitos individuais, coletivos e humanos. A repressão acabou por alcançar a todos os brasileiros, em especial àqueles que se atrevessem a emitir opiniões contra os ditadores militares, repressão essa que ia dos altos escalões nacionais até uma simples vila no território brasileiro. Foram muitos os brasileiros exilados e perseguidos, inclusive mortos de forma anônima nas masmorras do poder militar.
A angústia e o sofrimento dos brasileiros contra o estado ditatorial implantado pelos militares em 1964 tiveram fim com a aprovação das eleições indiretas para Presidente e vice-presidente da República, fato que acabou sendo realizado depois de muitos sacrifícios pessoais de brasileiros de todos os cantos do país que lutavam e sonhavam pela redemocratização do Brasil.
 Eleição indireta, realizada em 1985 através de Colégio Eleitoral, acaba elegendo Tancredo Neves, para Presidente da República com 480 votos, ficando em segundo lugar Paulo Maluf, com 180 votos. Tancredo morre antes de tomar posse e assume o vice José Sarney. O poder volta, finalmente, para as mãos dos civis, restabelecendo-se eleições diretas e secretas em todos os níveis, devolvendo-se ao Brasil e aos brasileiros sua verdadeira identidade voltada sempre para seus ideais de liberdade.
A experiência vivida de 1945 a 1985 foi uma aventura que, apesar das grandes chagas deixadas, fortaleceu o brasileiro na necessidade de se fazer de nosso país uma verdadeira democracia, voltada para o povo, pelo povo e para o povo.
Há, porém, ainda muito por se fazer e devemos caminhar sempre na busca deste ideal que custou a vida de muitos brasileiros em nosso passado, que, com dedicação e amor à pátria, construíram nosso presente, cabendo a cada um de nós, agora, continuarmos a escrever a história de nosso país.
A História acontece e precisa ser rememorada e cultuada, visto que é através dela que um povo alcança sua plena e desejada democracia e transforme esta numa perfeita ferramenta da cidadania.

Tanabi, fevereiro de 2011.




O BRASIL E SUAS RIQUEZAS NATURAIS


            Nosso país tem seis biomas que impressionam o mundo. Temos regiões que encantam aos mais desavisados turistas ou colecionadores de fotos. Nossa diversidade biológica é praticamente própria, onde animais e vegetais coabitam em condições geológicas e climáticas com incríveis proximidades. O cerrado e a mata atlântica impressionam e se destacam. Usei a expressão ‘nosso’ e fico preocupado com o fato, visto que este ‘nosso’ é curiosamente do alheio pela forma como são tratados os biomas ditos brasileiros.
            A floresta amazônica está sendo sistematicamente devastada apesar das fortes pressões internas e externas. Desde a década de 70, mais de 67 milhões de hectares de mata já foi  ao chão, o que representa quase 20% da Amazônia original. Esta devastação tem raízes históricas. Aprendemos na escola que o ciclo do pau-brasil foi uma forma de surrupio da madeira vermelha pelos colonizadores. Pilharam tanto que hoje restam alguns exemplares em praças públicas. O ciclo da cana-de-açúcar já levou o Brasil a falência e o atual dará ao país uma viagem sem volta. Estamos ‘fabricando’ alimento para veículos, produzindo açúcar e compramos gêneros de primeira necessidade quando já fomos o esperançoso ‘celeiro do mundo’.
A outrora Mata Atlântica que ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul hoje mostra uma nesga que não chega a 8% do original. Este bioma ocupava 1,3 milhão de quilômetros quadrados, restando hoje apenas 91 mil quilômetros quadrados. A região ainda reúne um elevado número de espécies de vegetais, por volta de 250 espécies de mamíferos, quase 1.000 tipos de aves, 300 de répteis e quase 500 tipos de anfíbios. É a área que mais está em perigo dentre os outros biomas.
            A falta de uma política clara (e corajosa) por parte do governo federal provoca inúmeros procedimentos em nome do tão propalado ‘progresso’. As disputas econômicas acabam falando mais alto que as normas criadas para o controle e proteção ambiental, bastando se ver o licenciamento concedido para construção do complexo hidrelétrico do rio Madeira com a construção das usinas de Santo Antonio e Jirau, no estado de Rondônia. A onda desenvolvimentista tomou conta do processo e tudo se resolveu em favor do progresso, é claro. Pergunta-se: de quem?
            Vemos em 3D os procedimentos de Belo Monte, em Altamira, no Pará. O governo diz que precisa desta usina e a inclui no PAC. Valores superestimados, ataque frontal ao meio e, outra vez, o progresso fala mais alto. Argumento: precisamos evitar novos apagões,termos mais energia para não sofrermos colapsos em ‘nossa’ economia. E, tal como aconteceu na Mata Atlântica, outros biomas vão sendo desmontados, lenta e gradativamente num processo de ocupação que caminha alimentado pela ganância e, sobretudo, pela corrupção.
            Forças externas, como sempre se somam aos processos, partidos dos vários segmentos do mercado mundial. Como antídotos frágeis, vemos os movimentos pela preservação da natureza que acabam virando meros ‘slides’ na montagem do filme principal. O Brasil contribuiu com o efeito estufa, assina o protocolo de Kyoto,  mas não tem obrigação de reduzir as emissões. Começamos com as capitanias hereditárias e estamos repetindo erros semelhantes, onde determinados ‘donatários’ do país e estrangeiros definem como usar a terra brasileira e o que dela extrair.
            O Pantanal cobre 1,8% do território nacional. É um autêntico viveiro ao ar livre, com mais de 3.500 espécies de plantas e quase 500 tipos de aves e praticamente 130 tipos de mamíferos  com 200 tipos de répteis e mais de 40 tipos de anfíbios.O Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro, ocupa cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, representando quase 24% do território brasileiro. Temos o cerrado, o cerradinho e o cerradão, com cerca de 10 mil espécies vegetais com cerca de 200 tipos de mamíferos, 600 tipos de aves, 225 tipos de répteis e mais de 250 de anfíbios. É uma dádiva da natureza e está, também, à mercê de ataques constantes que geram um enorme número de seres vivos em extinção rápida.
            Os campos sulinos emprestam beleza singular ao Brasil e são chamados de pampas gaúchos. São 176,5 milhões de quilômetros quadrados, representando 2% do território brasileiro, que se estendem em direção ao Uruguai e Argentina. São campos cobertos por gramíneas ostentando cerca de 3 mil tipos de plantas, cerca de 100 tipos de mamíferos e praticamente 500 tipos de aves. A Amazônia tem cerca de 4,2 milhões de quilômetros quadrados, equivalentes a 49,3 % do território brasileiro. Mais de mil rios formam a rede fluvial da região constituindo-se na maior bacia hidrográfica do planeta. Mais de 40 mil tipos de vegetais e mais de 1,3 mil de aves, cerca de 400 tipos de répteis e quase 500 de anfíbios. A caatinga  é limitada a 844,4 mil quilômetros quadrados de área, representando por volta de 10% do território brasileiro. É semi-árido e de solo pedregoso e único em todo o mundo. Possui  ‘ilhas de umidade’, assemelhando-se a oásis, vivendo ali cerca de 1.200 espécies de vegetais, por volta de 150 mamíferos, 350 aves e 100 espécies de répteis e 40  tipos de anfíbios.
            Nem muito quente, nem muito frio, o Brasil apresenta um clima que passa, em poucas horas, por várias modalidades de tempo. Com chuvas de verão, tempestades e estiagens, apresenta uma diversidade de variações que propiciam a produção de inúmeros tipos de grãos, frutos e folhagens na área das hortaliças. Pero Vaz de Caminha preconizou: neste solo, em se plantando tudo dá. E tinha e continua tendo razão, mas, a agropecuária, a mineração, o contínuo desmatamento para dar lugar à cana e outros produtos como a soja, somados à extração continuada de produtos minerais deteriora o meio ambiente e alcança a própria vida como um todo no planeta Terra. Não adianta comemorar a queda no ritmo de desmatamento na região amazônica. O que realmente o país precisa é dar um basta às tolices e abusos sob vários rótulos que grassam por todo os biomas do Brasil.
            Houve um tempo em que o governo pregava com ufania: Ou acabamos com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil!.
            Qual seria hoje o ‘slogam’ para o que estão fazendo hoje com os biomas brasileiros?