Caro visitante:

Seja bem vindo e divirta-se! Em nosso maluco mundo atual, o que não falta é assunto para comentar...ah, e não deixe de cadastrar seu e-mail aqui ao lado esquerdo da tela para receber novidades deste blog.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O BRASIL E SEUS DESCAMINHOS PELA HISTÓRIA. TRIBUTO A D.PEDRO II



O Brasil teve como seu segundo (e último) imperador Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, nascido no Rio de Janeiro em 02 de dezembro de 1825 e falecido em Paris, França, no Hotel Bedford, de baixa categoria, no dia 03 de dezembro de 1891, exatamente com 66 anos, 11 meses e 31 dias de vida. Era filho do Imperador Pedro I e  da arquiduquesa Dona Leopoldina d’Áustria.
No dia 23 de julho de 1840, Dom Pedro II, com quase 15 anos de idade, leu o juramento e assumiu o comando do Brasil. Para se tornar monarca foi declarado maior de idade e com isto por fim a vários movimentos políticos internos no país. Foi necessária a convocação e o reconhecimento pela Assembléia Geral do Império, abrangendo a Câmara dos Deputados e o Senado. Pedro II falava o francês, o inglês, o alemão, o italiano, o latim, o grego e o hebráico. O trono brasileiro era considerado pertencente ao povo brasileiro, um direito da nação, não propriedade privada  de alguém. Pedro II teve educação  de alto nível confiada a José Bonifácio de Andrada e Silva e Manoel Ignácio Pinto Coelho, desde a abdicação do pai Pedro I e da morte da mãe aos 2 anos de idade. Em 1840 libertou todos os seus escravos, tomando 60 contos de réis emprestados para comprar a liberdade de um lote de escravos.
O Brasil era parlamentarista em todos os níveis de governo. Pedro II consolidou a ordem cível em todo o Império; defendeu as fronteiras e a real independência do Brasil em vários níveis;  desenvolveu todas as garantias constitucionais, de liberdade, de respeito a todas opiniões e justiça entre os partidos políticos; com reformas políticas em 1855 e em 1881. Criou grandes redutos nacionais na vida artística, cultural, científica e no campo da pesquisa; fez acelerar processos com vistas à abolição da escravatura e desenvolvimento econômico brasileiro, incrementou a política de imigração, lutando pela defesa e integridade do território brasileiro, Agilizou e incrementou a lei de proibição do tráfico de escravos (1850), Lei do Ventre Livre (1867, Lei dos Sexagenários (1855) e finalmente a Lei áurea (1888).
Sob seu governo, que foi de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1899, exatamente por 49 anos, 03 meses e 22 dias, O Brasil experimentou o mais longo período de democracia de sua história, pluralismo de opiniões, liberdade de crença, de pensamento, de expressão e de imprensa. Neste período o Brasil montou importante força naval, chegando a ser a segunda maior do mundo. Registrou-se um crescimento vertiginoso no desenvolvimento ferroviário e Pedro II colocou o país entre os mais modernos do campo das descobertas científicas, incrementando a luz elétrica em 1879 e estaleiros para construção naval, que só era igualado a Nova York. Instalou o sistema telegráfico, o telefone, os correios e muitas outras. Pedro II criou a Escola de Engenharia em Minas Gerais e o colégio no Rio de Janeiro, hoje Colégio Pedro II.
Dom Pedro II tinha uma excepcional devoção pela noção do dever, da honra, da dignidade e da honestidade que demonstrava publicamente e exigia dos que o cercavam. Escreveu em um de seus diários: “A falta de zelo, a falta de cumprimento do dever, é o nosso primeiro defeito moral”. Viajou por vários países e sempre custeou todas as suas despesas e viagens. Era um zeloso defensor da natureza. O Brasil era respeitado no exterior em seu tempo graças à sua ação e trabalho. Vários escritores do mundo literário da época elogiavam Pedro II, dentre eles o poeta francês Victor Hugo. Sua fama de notável saber corria o mundo civilizado da época. O Brasil era conhecido e não por causa de seu futebol. Era chamado pelo povo  de Pedro II, O Magnânimo.
  Os brasileiros estavam na busca de sua tão sonhada República. Os pretextos eram muitos, internos e externos. Foram 3 os pilares da queda da monarquia brasileira: 1) O Positivismo de Auguste Comte servia de base ao movimento e incentivava a os jovens estudantes brasileiros aqui e no exterior; 2) a adesão ao movimento da oligarquia cafeeira  também contrária à abolição e 3) a Doutrina Monroe, que via na Monarquia um obstáculo à implantação da política americana na América do Sul. Era tanta a força desta política que a bandeira, adotada em seguida à queda do Monarca Pedro II,depois substituída, era uma patética contrafação (perfeito plágio) da norte-americana.
Os republicanos liderados por Deodoro da Fonseca e Benjamim Constant Botelho de Magalhães e outros, sob forte pressão, decidem dar fim ao sistema Monárquico de Pedro II e é expedido, no dia 15 de novembro de 1889, o Decreto n. 1,proclamando provisoriamente a República Federativa.  O Decreto tem 11 artigos e foi assinado por Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do governo provisório, S.Lobo,Ruy Barbosa, Q.Bocayuva, Benjamin Constant e Eduardo Wandernkolk. O Artigo 7º determinava:“Sendo a República Federativa Brasileira a forma de governo proclamada, o governo provisório não reconhece nem reconhecerá nenhum governo local contrário á forma republicana, aguardando, como lhe cumpre, o pronunciamento definitivo do voto da nação, livremente expressado pelo suffrário popular”.  
O citado ‘ plebiscito’ jamais foi realizado.
Eram 15:00 horas quando o Imperador foi notificado de sua deposição pelo major Sólon. Não respondeu nenhuma palavra e recolheu-se a seus aposentos, dizem, para chorar amargurado. Pedro II foi deposto e jamais renunciou ou abdicou ao trono brasileiro. O novo governo abdicou de praticamente 50 anos de experiência parlamentarista implantado em 1847, com alternância do Partido Conservador e o Partido Liberal, sendo independente e não cópia do parlamentarismo britânico, de onde nasceu a idéia brasileira.
No dia 23 de dezembro de 1889, pelo Decreto N. 85 A, foi criada comissão militar para julgamento dos crimes de conspiração contra a República e seu governo. Quem discordasse seria enquadrado a severos castigos e condenados por sedição (perturbação da ordem pública). Este decreto ficou conhecido como ‘Decreto Rolha”. Como se vê, o brasileiro nunca perdeu a ‘esportiva’, mesmo sob chicote.  Vale lembrar: Res(pública) . República( coisa do povo,para o povo,pelo povo).
Pelo Decreto N.914-A, de outubro de 1890, foi outorgada a ‘Constituição dos Estados Unidos do Brazil’, e seu § 4º definia: “ Não se poderão admittir como objecto de deliberação, no congresso, projectos tendentes a abolir a forma republicana-federativa, ou a  igualdade da representação dos Estados no Senado”.
O pessoal tinha medo de Pedro II. O povo parece que já estava com saudades da Monarquia.
Tratado de forma abusiva e até desumana, às 3:00 horas da madrugada, carruagem levou o Imperador, a Imperatriz, a Princesa Isabel, o conde d’Eu e Dom Pedro Augusto até o cais, com apenas algumas roupas e nenhum outro pertence pessoal. Os responsáveis pelo golpe tinham medo da reação do povo que ainda não sabia da deposição do imperador e da mudança do sistema e da forma de governo.
Ruy Barbosa foi o mentor dos atos jurídicos da nova República. Com a ação dos republicanos e seus desvarios pelo poder. Escreveu, anos depois: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da hora, a ter vergonha de ser honesto.  Essa foi a obra da república nos últimos anos.  No  outro  regime( a Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre – as carreiras políticas lhe estavam fechadas”. Ruy Barbosa dizia a verdade, visto que, qualquer membro do governo monárquico, em seus vários níveis, tinha vida ilibada e só era nomeado pelo Imperador Pedro II após ‘pente fino’ sobre sua vida, em especial de sua honradez e honestidade. Ruy, ao final da vida, disse: “Havia na monarquia uma sentinela vigilante, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais. Esta sentinela era o Imperador D. Pedro II”.
Rui Barbosa se mostra atualizado. O que escreveria vivendo hoje, depois destes  122 anos de República?
Triste, sem recursos, visto que negou por duas vezes ajuda dos cofres brasileiros para sua subsistência, Pedro II morreu exatamente à meia-noite do dia 5 de dezembro de 1991 acometido de pneumonia em razão de sua fragilidade física e o rigor do inverno naquele país. Os jornais do mundo todo publicaram a lamentável perda, recebendo, da França, honras de estado. Suas últimas palavras: “Nunca esqueci do Brasil. Morro pensando nele. Que Deus o proteja”. Seu travesseiro continha terra que levou do Brasil quando de sua expulsão. No dia 9 de dezembro de 1891, sob forte chuva e mais de 200 mil pessoas nas ruas viram o cortejo fúnebre se dirigir em  trem especial que levou o esquife até Lisboa, onde foi sepultado no panteão da dinastia de Bragança, na Igreja de São Vicente. O único país  que não mandou representante diplomático foi a República Brasileira.           
No ano de 1920, quando presidia o país Arthur Bernardes, seus restos mortais foram transladados para o Brasil aqui chegando no encouraçado São Paulo e recebido com verdadeira devoção pelo povo brasileiro. No dia 05 de dezembro de 1939, quando presidia o país o Sr. Getulio Vargas, finalmente, depois de 50 anos, Pedro II volta para seu lugar definitivo entre os irmãos brasileiros juntamente com os restos mortais da Imperatriz, da Princesa Isabel e do Conde d’Eu sendo transladados para a Catedral de Petrópolis, no Rio de Janeiro. e sepultados na Capela Imperial, em prédio onde residiu com sua família , hoje Museu Imperial..
A República veio e com ela mandatos prefixados, volúpia pelo poder, uso da máquina estatal para enriquecimento ilícito e prejudicial a todos os brasileiros, ódio, perseguições, ditaduras, ditadores e a difícil caminhada em rumo à paz tão desejada por Pedro II e por muitos brasileiros de ontem e  com certeza de alguns de hoje.
Experiências não se jogam na lata do lixo e o Brasil poderia estar muito melhor do que está, política e economicamente falando, embora mudasse a forma de governo, de monarquia para república, jamais poderia ter aberto mão da experiência adquirida com quase 50 anos de parlamentarismo. Este o melhor sistema e menos corrupto e menos corruptível do que o presidencialismo. Países que são sérios, operosos  e progressistas são parlamentaristas.
Rojas Paul, presidente da Venezuela, em 15 de novembro de 1889, ao tomar conhecimento do golpe militar no Brasil, exclamou: ‘terminou a única república da América do Sul’.
E como Ruy, cheio de razão ontem e hoje. 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

REFLEXÕES SOBRE A MENTE HUMANA

       
    O estudo das diversas ações pedagógicas de nosso tempo indica que o ser humano está em franca, continuada, incontrolável e sadia rota. Freire, em seu trabalho ‘Pedagogia da Autonomia’ nos ensina que só pode ensinar certo quem pensa certo, mesmo que às vezes pense errado. Continua dizendo: ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. Assmann orienta que ‘educar não é apenas ensinar, mas criar situações de aprendizagem nas quais todos os aprendentes possam despertar, mediante sua própria experiência do conhecimento’.
            Edgard Morin, em sua obra ‘ Os sete saberes necessários à educação do futuro, Ed. Cortez-SP, 2006, é um convite à reflexão com os pés no chão de forma a que o educador, o educando e a sociedade se complementem na esteira do tempo que nunca interrompe seu fluxo e a cada dia exige mais e mais de todos os envolvidos neste milenar processo de educação e do conhecimento.
            Destaca o educador que ‘ as idéias existem pelo homem e para o homem; o homem existe pelas idéias e para elas’. Podemos matar pessoas, queimar livros, mas as idéias subsistem incorruptíveis e eternas e elas servem ao homem e não às pessoas. As religiões foram criadas pelos homens para driblar suas incertezas para com Deus ou mesmo para com seus deuses. Pela religiosidade, pelas doutrinas impostas pelos líderes religiosos, as ideologias se submetem ao erro protegidas pelo próprio sistema de idéias que são transformadas em ‘verdades’.  De forma natural e até lógica, as doutrinas se fecham sobre si mesmas e se protegem contra as críticas que anunciam, expõem ou denunciem suas falhas e pontos atacáveis pelo raciocínio de algum seguidor.
            A religiosidade é natural no ser enquanto pensante, lógico, matemático, consciente, inquiridor e renovador. A cada dia a mente humana busca ser corretiva, criando uma forte carapaça protetora contra o erro e a ilusão. Diz Morin: ‘a mente é dotada de potencial de mentira para si próprio( self-deception). A memória é fonte de erros. A mente seleciona, inconscientemente, as lembranças que convém e realça ou apaga as que incomodam. A alucinação e a percepção do mundo real andam de mãos dadas e num antigo e parece eterno namoro já tendo levado o homem a situações bastante embaraçosas. Mentiras foram criadas para impedir o rompimento de ambas as forças e desta manutenção alucinatória foram criadas seitas, religiões, credos e escritos livros que passaram a ser chamados de sagrados.
Praticamente cem por cento do funcionamento orgânico depende dos hormônios gerados pela própria máquina biológica, com fortíssimos reflexos sobre ínfimo percentual que liga o homem interno ao mundo exterior. O homem externo precisa da alucinação sem a qual não processa a ligação com o seu eu interno. Desta conexão nasce o eu eterno, o eu dominador, o eu universal.
A cultura é um extraordinário conjunto de conhecimentos, de regras, de normas, de leis, de crenças, de idéias, de valores, de mitos que desembocam no oceano maior que é a religiosidade. O eu físico se conecta com o eu imortal, com os deuses criados, imaginados, com seus mitos, suas necessidades, sonhos, devaneios e surge a alegada realidade.
A poderosa máquina física, comandada e orientada pelo cérebro humano, uma obra prima da natureza e fortíssima geradora de energia, irradia um poder incomensurável, transformador do pensamento em coisa concreta e coisa concreta em um conjunto extraordinário de extrapolações que ele, a criatura e os seus deuses, classificam como teosofia, filosofia e ciência, e destes três pilares, nascem os fundamentos da humanidade terrestre.
E este ser, um amontoado de cem trilhões de diminutas células e dotada do estranho processo chamado vida, o homem  se alça para o éter universal, ambicionando dominar os mais profundos pontos deste incomensurável Universo.
E ele o fará, sem dúvida. 

terça-feira, 5 de julho de 2011

O HOMEM E SEUS SEGREDOS FANTÁSTICOS

        
        O Brasil nasceu sob a força da bruxaria européia, forte e infiltrante em todos os segmentos e meios sociais. A luta entre o céu, o inferno, o bem e o mal são velhos conhecidos do homem enquanto ser pensante, temeroso do futuro, fugidio do passado e crente até certo ponto no presente. Digo até certo ponto porque em geral, todos os homens e mulheres acreditam, crêem, praticam ou fingem crer e praticar todos os tipos de ritos e religiões, conforme a idade, a necessidade e o medo da velhice e da morte.
            Para se pregar o bem tem de se esconjurar o mal. Um pastor, de qualquer credo, não consegue falar do bem sem se referir ou comparar o que diz com o mal. É o positivo e o negativo, é o forte e o fraco, é o vencido e o vencedor. Ao pregar o bem, não se pode agir sem se reconhecer a existência do demônio, de suas formas e meios de ação. Interessante como o homem enquadrou a mulher na personificação do mal, da perdição, do perigo, da falsidade, talhando-a na história como o suprasumo da maldade e da traição. Vide Gêneses. A mulher foi introdutora do pecado no mundo perfeito (?) do Criador. Foi parceira consciente do diabo. Se o diabo tivesse sido realmente vencido pelo bem, como presumem muitos, não haveria necessidade da existência da igreja.
            A Europa e parte do mundo em crise, pestes, cismas, a derrocada do  tradicional eram coisas causadas por Satã e seu exercito de anjos caídos, onde um grande número de feiticeiros, adivinhos, videntes, previsores do futuro apocalíptico, o fim certo do mundo, a danação eterna e outros ‘castigos’ fizeram nascer, em especial a partir do século XIV, a necessidade de livrar o mundo e os homens do pecado e nada mais concreto do que fazer das mulheres este meio de ‘lavar’ os pecados do mundo contra a bruxaria, até então vista como uma qualidade e não como uma forma amaldiçoada de existência, só sanada pelo poder do fogo.
            A Igreja romana e depois as ramificações evangélicas, apesar dos esforços em contrário, só fizeram robustecer o pensamento da existência concreta do diabo, fazendo nascer um rígido código ético e moral na busca da justificação da presença concreta e inescapável da figura do demônio na vida humana e em todo o planeta. Os tempos ditos modernos foram moldadores do diabo e o que se viu, no rolar da história, foi o aumento delirante de cultos ao demônio ou a Satã, sendo que na época das reformas calvinianas e luteranas, a bruxaria sofreu espetacular combate, com a ajuda da inquisição, queimando milhares de mulheres e raros homens na fogueira da limpeza e da purificação, conforme acreditavam.
            Satanás reinava com autoridade entre os pagãos. Com base nesta premissa, os padres vindos para o Brasil buscavam converter os índios, pagãos a seu ver, à fé cristã. Os pajés eram feiticeiros, agentes do mal. Anchieta chamava curupira de demônio. Denúncias chegavam à central da Inquisição no século XVII indicando ser a Bahia uma central de negros e negras feiticeiros. Minas estava infectada de demônios, afirmavam membros da igreja. No período colonial brasileiro pessoas eram denominadas de calunduzeiros, feiticeiros e curandeiras pela igreja e perseguidos inclusive até à morte, comemorada com alegria como se uma vitória do bem sobre o mal.
            Apesar de tudo, muitos feiticeiros se fixavam em propriedades das ordens religiosas dissidentes de tais pensamentos e ações, apesar de padres  usarem tais pessoas como meio de descobrir escravos fugidos ou porque curavam infestações diversas do gado como ‘bicheiras’ e outras doenças. Gado era forma de fortuna e imensos rebanhos faziam parte do patrimônio da igreja e de padres. Era, e ainda é interessante, como os interesses modificam ações religiosas no transcurso do tempo. Os ‘dons’ são usados e santificados quando beneficiam poderosos e renegados ou excomungados, quando inúteis para o poder.
            O homem é exímio bajulador de ambas as forças que denomina bem e mal. Cria religiões calcadas em ambos os pilares do medo humano. Só pelo medo do futuro é que o bem e o mal existem. A bruxaria está em alta no planeta todo, nunca deixando de ser um ponto de interessante ação humana. Modernamente continuam a existir bruxos e bruxas com destaques, inclusive, na mídia em geral. Não usam vassouras verdadeiras, mas sim vassouras virtuais como computadores e sofisticados programas matemáticos  de adivinhações. A Vicca, ou religião dos bruxos, baseada no culto de uma deusa e de um deus que descendiam de rituais de diversas tribos desde os primórdios dos tempos,  está em alta. Gerald Brosseau Gardner, é um dos modernos bruxos com auge nos anos 50. O livro das sombras, é uma espécie de manual prático viccano.
            Os símbolos da bruxaria grassam por todo o planeta. São vassouras( inicialmente usadas pelos celtas em cerimônias agrícolas para atrair boas colheitas), chapéus cônicos (atraidores e geradores de energia), caldeirões, onde são preparadas poções mágicas para todos os fins, lembrando que as farmácias de manipulação se assemelham em tudo a este símbolo. A feitiçaria nada mais é do que a arte de mover energias para alcançar determinado objetivo e está presente em praticamente todos os ritos do mundo religioso. Uma vela ao ser usada por um cristão faz do rogador da graça um feiticeiro( e não um bruxo) em busca de um resultado requisitado de seu santo. A alquimia da transubstanciação cristã é uma forma de poção mágica de transformação.
            No Brasil escritores como Machado de Assis usaram o caldeirão. Este para queimar manuscritos em frente de sua casa, dando-lhe o apelido de “O bruxo do Cosme velho’, popularizado depois por Carlos Drummond de Andrade. Monteiro Lobato cria ‘Cuca’ que trabalha com borbulhante caldeirão mágico. Mario Quintana destacava os poderes excepcionais das bruxas em seus trabalhos. É mais comum a presença de mulheres nas práticas da bruxaria, e isto no transcorrer de muitos séculos, e isto com certeza graças à vulnerabilidade explícita da mulher e na declaração milenar de sua condição de segunda pessoa da criação. O próprio homem se valeu da mulher para encobrir suas dificuldades e ansiedades frente às coisas do mundo. É comum,ainda, se ler e ouvir: atrás de um homem bem sucedido sempre existe uma mulher, e o maldoso completa: antes de sua esposa.
            Os inquisitores do século XV acreditavam piamente na existência até material do demônio. Os do século XVIII já pensavam totalmente diferente. Hoje os bruxos e bruxas são centros de consulta de altas empresas e de simples cidadãos da periferia.
            E assim vai o homem caminhando sobre o planeta Terra, ora olhando sua história com orgulho, ora com tristeza, mas, jamais deixando de dar seus passos, seja com certeza seja com sofreguidão. À medida que ele avança no tempo e no espaço, percebe, dia a dia, que seu futuro é incerto, mas, por certo será o de triunfo depois de muitas lutas e tempestades. Este o mote da vida humana neste planeta cheio de segredos e apreensões.