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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A ESTRADA BOIADEIRA E SUA HISTÓRIA


Já nos idos de 1.897,Taunay, na época tenente depois  major e Visconde do Governo de Sua Majestade Imperial  D.Pedro II , que na época ocupa cargo assemelhado ao de Ministro dos Transportes atual, preconizava a abertura de uma estrada que ligasse a Capital - Rio de Janeiro  e por conseguinte São Paulo aos estados de Minas Gerais e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O ponto de contato seria o Porto do Tabuado, nas margens do Rio Paraná .
Apesar de conhecer todas as dificuldades, o Governo de São Paulo, por meio do Secretário da Agricultura, Commércio e Obras Públicas, Dr. Jorge Tibiriça, contratou os serviços do  eminente engenheiro Olavo  S. Hummel que deu início a um arrojado projeto partindo do último ponto atingido pela Estrada de Ferro  do Estado de São Paulo, a cidade de Jaboticabal . O Dr. Hummel elaborou o projeto em março de 1.895, que em linha praticamente reta passava pela Vila de  São José do Rio Preto, criada em 1.852 e adentrava à luxuriante floresta paulista que ia até as barrancas dos Rios Paraná e Rio Grande. O Porto do Tabuado ficava nas margens do caudaloso Paraná.
Os serviços da tão sonhada estrada se iniciaram somente em 1.896 e nossa região teve como colaborador do Projeto o Engenheiro Ugolino Ugolini que chegou a ser suplente de vereador em São José do Rio Preto no ano de 1.894, cujas eleições se deram em 29 de outubro do referido ano.  Este mesmo engenheiro elaborou a planta do Quinhão 15  da Fazenda Jatai de Cima que viria a ser a primeira planta baixa de Tanabi.
Por parte de Mato Grosso e de Minas Gerais pipocavam movimentos no mesmo sentido. Em 1.825 o Presidente de São Paulo (denominação da época)  desejava abrir uma estrada que partisse de São Bento de Araraquara e se estendesse até o Rio Grande. Pretendia se atingir Goiás e Cuiabá, grandes centros urbanos da época. 
Em 1.830, o Presidente de Mato Grosso, Pimenta Bueno, determinou a abertura de uma picada daquele Estado até São Paulo. O Prefeito de Araraquara , Manoel Joaquim Pinto de Arruda, se empenhou na obra e muito colaborou para sua realização. Um movimento de grande monta se organizou e os "bandeirantes" de São Bento de Araraquara, em sua grande maioria mamelucos, se lançaram a caminho na abertura da estrada tão sonhada. Juntou-se ao projeto a cidade de Piracicaba em 1.837. Em 1.840 o Governo Paulista pedia contas das despesas que foram apresentadas em relatório por Manuel Joaquim Pinto de Arruda sobre o trecho de Araraquara ao Rio Paraná. As despesas já atingiam setecentos contos de réis. Os custos eram estimados em duzentos contos de réis por légua, em razão das pontes a serem instaladas.
A obra foi se arrastando e por muitas vezes foi interrompida com grandes prejuízos aos serviços já executados. Parte do trecho se arruinou pelo abandono apesar das reformas feitas.
Em 15 de janeiro de 1.902, por iniciativa do vereador Artur Ramos, da cidade de S.J.R.Preto foi apresentada  indicação ao Governo Paulista no sentido de dar atenção à Estrada do Tabuado por ser ela de suma importância para a região.
As dificuldades acabaram por abater o ânimo dos bandeirantes-construtores da Estrada do Tabuado.  De 1.923 até 1.931 as prefeituras da região se uniram para apelar ao Governo do Estado de São Paulo pela conservação da Estrada do Tabuado já conhecida como Estrada da Boiadeira e por onde o progresso havia atingido toda a região do Estado de São Paulo fazendo nascer, em suas margens, inúmeros povoados e cidades. Algumas dessas comunidades desapareceram, mas um grande número de cidades resistiu e se tornaram em centros urbanos que deram à região noroeste do Estado de São Paulo a importância que hoje tem.
O Movimento Constitucionalista de 1.932 teve, na Estrada Boiadeira,  uma grande aliada. Foi por ela que nossas forças marcharam e dominaram o Porto Tabuado. Em Tanabi foi sediada a Resistência - o MMDC - presidida pelo ilustre historiador de Tanabi senhor Sebastião Almeida Oliveira. Em trincheira próxima a atual Cosmorama morreu o soldado Amaro, de Tanabi.
A Estrada Boiadeira ou a Estrada do Tabuado  foi o caminho ocupado pelos paulistas na defesa de  nosso  Estado e de nossas aspirações. Foi por ela que o progresso chegou e a ela devemos o presente que hoje desfrutamos.
Em 1.942 o Governo elaborou plano rodoviário que envolveu grande percurso da Estrada Boiadeira até o Porto Getúlio Vargas - nova denominação do Porto do Tabuado. O projeto não logrou  êxito, mas  foi o nascedouro de novas estradas atingindo Pereira Barreto, Avanhandava e  Ilha Solteira e por conseguinte toda nossa região até Rubinéia, nas barrancas do Rio Paraná .
Logo depois Feliciano Sales Cunha foi autorizado a implantar uma estrada que ligava Tanabi ao Porto do Tabuado e pela nossas jardineiras, por muitos anos, transportaram  nossos habitantes para vários pontos do Estado de São Paulo e para cá trouxeram  um sem número de novos moradores. A Estrada da Boiadeira ou Estrada do Tabuado foi a grande artéria de progresso para toda nossa região e foi por ela que o  desenvolvimento atingiu estas bandas do Estado de São Paulo.
A Estrada do Tabuado cortou transversalmente Tanabi e ocupou a atual rua Sete de Setembro. Tanabi é, portanto , um dos portais da Estrada Boiadeira a quem devemos nossa própria existência. Foi às suas margens que nosso fundador Joaquim Francisco de Oliveira - o Joaquim Chico - plantou o Arraial do Jatai, depois Tanabi, em 4 de julho de 1.882.
A Estrada Boiadeira, tornada realidade, fez nascer a Rodovia Euclides da Cunha , a SP-320 - que é uma homenagem ao grande escritor brasileiro que, visionário, preconizava a necessidade da grande artéria - a Estrada do Tabuado - para a interligação dos importantes estados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.
Hoje, a ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná consolidou o sonho e a proposta de Hummel se tornou realidade plena apesar de trilhar por outros caminhos. Mais recentemente o Porto do Tabuado foi chamado de Porto Itamarati.
Portanto, a Estrada Boiadeira  deve ser preservada como um dos pontos mais importantes para o progresso de nossa região. É ela a razão do nascimento de muitas cidades que hoje orgulham nosso Estado e País.
Sabemos que, transpondo o Rio Paraná,fugindo das conseqüências da Guerra do Paraguai, um significativo número de "mineiros", imigrantes portugueses, em sua maioria,se aventurou por nossa região no final do século XIX e início do Século XX. Desceram pelo caudaloso São José dos Dourados e muitas famílias se fixaram nas terras devolutas do Estado de São Paulo  no noroeste do Estado de São Paulo, em especial, nas férteis terras do Jatahy.
Há notícias de que foram vários os caminhos que serviram estes verdadeiros bandeirantes. Não deve ter sido apenas a Estrada do Tabuado a compor este mosaico de aventuras, mas há unanimidade dos estudiosos em afirmar que esta foi a maior artéria de deslocamento em nossa região e que por ela o progresso trilhou rápido.
Valorosos trabalhos têm sido feitos por historiadores e estudiosos da estrada boiadeira, com destaque para a pesquisa feita pelo riopretense Jocelino Soares, preservando em sua obra não só relatos de alto valor como também fotos do que ainda temos desta nossa importante artéria, bem como o historiador jalesense Genésio Mendes de Seixas, em importantes trabalhos descritivos objetivando a prservação do patrimônio e da memória referente a tão importante tesouro regional.   A preservação das tradições é uma forma de se honrar o passado, valorizar os sonhos de homens e mulheres de ontem e por conseguinte de se poder,hoje,desfrutar  do presente com a certeza de estarmos contribuindo para o futuro, onde todos, numa só corrente, nos dispomos a  construir.

4 comentários:

  1. Parabens ilustre professor. Preservar a historia é tão importante quanto faze-la. Empolgados e envolvidos tanto com o progresso, esquecemos de marcos como este da Estrada Boiadeira da nossa região. Felicito o senhor bem como o querido Jocelino Soares.
    Abraços.
    Alcides-- Mirassol sp

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  2. Parabéns pelo texto.....a boiadeira representa o esforço de ocupação. Do noroeste paulista.....antonio felix domingues,nhandeara-sp

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  3. A importância de se registrar a historia, pois as gerações futuras sem estes registros ficariam órfãos de conhecimentos destas amplitudes , parabéns ...

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